Mulher segurando travesseiro

Especialistas em medicina do sono recomendam que uma pessoa deve dormir, em média, oito horas por dia

PIXABAY

Uma noite bem dormida faz toda a diferença. O sono tem função reparadora e restauradora do corpo humano. É aquele momento em que tecidos são reparados, é quando acontece a síntese de proteínas, o crescimento muscular e a regulação do metabolismo do organismo, além de manter o equilíbrio mental e emocional e o bom funcionamento do cérebro.

Apesar disso, o número de pessoas que não consegue descansar de forma satisfatória é grande. É o caso do jornalista Thiago Aureliano da Silva, de 26 anos, que como quase a metade da população brasileira, de acordo com inúmeras pesquisas, têm dificuldades para dormir. Ele conta que, até meados de 2021, a qualidade de seu sono era muito ruim.

“Eu já cheguei a ficar três noites sem dormir e isso gerava vários problemas no dia a dia. Sempre ficava muito cansado, sem disposição, afetava o trabalho, não tinha concentração e foco necessários para realizar minhas tarefas. E a questão do descansar, quem sofre de insônia sabe disso: a pessoa dorme, mas nunca descansa.”
 

Segundo Thiago, seu sono era fragmentado. “Às vezes, me deitava por volta das 21h30 e só conseguia mesmo pegar no sono por volta da 0h, 0h30, 1h da manhã e acordava entre 6h, e 6h30. Além disso, acordava várias vezes durante a madrugada, cerca de cinco a seis vezes e demorava mais um pouco pra dormir, coisa de 10, 15 minutos, mas nunca descansava mesmo e nem conseguia me revigorar do cansaço do dia anterior.”

De acordo com o neurocirurgião Felipe Mendes, o sono passa por quatro estágios todas as noites, repetidas vezes, em ciclos, e cada um deles tem características específicas, tempo de duração e função dentro do nosso corpo.

Neurocirurgião Felipe Mendes

O neurocirurgião Felipe Mendes explica que o sono passa por quatro estágios todas as noites, repetidas vezes, em ciclos

Marcos Vieira/EM/D.A Press

Equilíbrio

 “Uma dessas fases é conhecida como REM e significa movimento rápido dos olhos e as outras três são não-REM, divididas em N1, N2 e N3. Ou seja, além de ter uma quantidade de horas de sono necessárias, é importante que essas fases acima estejam equilibradas entre elas.”

A N1 é o momento em que a gente faz a transição entre a vigília e o sono, o que muita gente chama de sono leve. Ele ocorre quando nos deitamos para dormir, tem como característica os músculos mais relaxados e também espasmos ocasionais. Felipe explica que, nessa etapa, as ondas cerebrais começam a se modificar.

A N2, fase intermediária do sono não REM e que vem antes do sono profundo, segundo o neurocirurgião, tem como característica os nossos batimentos ficarem mais lentos, ficarmos mais relaxados, nossos olhos pararem de movimentar, mesmo que fechados, e nossa temperatura corporal ficar mais baixa do que na fase anterior. 

“Em seu primeiro período durante o sono, a N2 dura uma média de 10 a 25 minutos, aumentando o tempo nas outras vezes em que ocorre. Nós passamos quase a metade da noite nesse estágio de sono.”

Batimentos

Já a N3 – sono profundo – é considerada indispensável para que acordemos bem no dia seguinte. “É a fase em que os batimentos, músculos e respiração ficam mais lentos e a chance de sermos acordados é menor. Diferentemente da N2, ela dura entre 20 e 40 minutos no primeiro ciclo e diminui de tempo nos outros períodos da noite.”  

Conforme o especialista revela, existem estudos que constatam que essa fase é importante para o crescimento, para a criatividade e também para a imunidade do indivíduo.

“REM é uma fase que começa 90 minutos depois que já estamos dormindo. Ela se repete várias vezes e se torna cada vez maior. É quando saímos do sono profundo. Os olhos se movem rapidamente de um lado para o outro e as ondas cerebrais ficam muito semelhantes às de quando estamos acordados. A respiração fica mais ágil e irregular, e a frequência cardíaca e a pressão arterial aumentam para níveis próximos de quando estamos despertos. A diferença é que os outros músculos estão paralisados”, explica o especialista. 

É nesse momento que, de acordo com ele, nosso organismo consegue melhorar nossa memória, cognição, capacidade de aprendizagem e criatividade. 

Quando nós não conseguimos cumprir todos os estágios que o sono precisa ter ao longo da noite, Felipe Mendes explica que isso pode acarretar prejuízos muito significativos para o cérebro, no hipocampo.