envelhecimento

Com o envelhecimento, os homens passam por um processo de queda de testosterona, de forma gradual e menos intensa que as mulheres

Pixabay


Os homens não têm tanta preocupação corporal no envelhecimento, mas convivem  com outros problemas. “O medo do envelhecimento gira em torno da impotência sexual, aposentadoria e o receio de depender de outras pessoas.”


Na área profissional, também vemos mudanças com o envelhecimento. “Vivemos em uma sociedade em que a cultura, em grande parte das empresas, expressa-se no sentido de trocar funcionários mais velhos por outros mais novos por entender que eles vão produzir mais e, ainda, ganhar menos. Ou seja, a experiência, os valores e conhecimento acabam sendo deixados de lado”, destaca a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care Saúde no Lar.


"Apesar de o en ter ajudado na mudança da visão em relação à pessoa idosa, ainda assim, mesmo que de forma mais branda, o etarismo acontece. Devemos continuar ensinando sobre o processo do envelhecimento e as mudanças naturais que ocorrem. Falar sobre as doenças que não são ‘da idade’ e devem ser tratadas de forma adequada. Insistir no respeito, acolhimento e inserção social da pessoa idosa", lembra.

 

 

 


Conforme a geriatra, "criar projetos de vida significativos e que ultrapassem barreiras relacionadas à idade, beleza ou corpo físico fazem com que o envelhecer seja mais tranquilo".

O QUE DIZ A MEDICINA A geriatra Simone Lima explica que o envelhecimento e a longevidade são determinados por uma série de fatores, tais como biológicos, psicológicos, genéticos, estilos de vida, ambientais, entre outros. “Desde sempre, as mulheres foram intimadas a cumprir papéis sociais, tais como casar, ter filhos, ter um corpo escultural. Para alcançar tudo isso e ainda ter uma carreira profissional brilhante antes de envelhecer, elas teriam de correr contra o tempo. Hoje em dia, as coisas – ainda bem – estão diferentes. Elas estão mais livres para escolher seus papéis, podendo simplesmente adiar ou, então, não cumpri-los. Além disso, as mulheres sempre se cuidaram e preocuparam com a saúde mais que os homens.”


A geriatra conta que, apesar de o processo de envelhecimento ser semelhante em ambos os sexos, algumas diferenças acontecem devido aos hormônios característicos de cada um. “Nas mulheres acontece o climatério, nome dado ao período em que há um declínio brusco do estrogênio, gerando mudanças corporais (menopausa, distribuição de gordura) e comportamentais. Nos homens, de forma mais gradual e menos intensa, os níveis de testosterona diminuem. Fato é que o envelhecimento é um processo que se inicia bem antes dos 60 anos e acontece de forma individualizada. Envelhecemos ao longo da vida, e durante todo esse processo, podemos ter atitudes que favorecem um envelhecimento bem-sucedido. Ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar pode ser um fator que vai ajudar a pessoa a alcançar uma excelente qualidade de vida.”

A MULHER BRASILEIRA Para Simone, o avançar da idade para a mulher se torna um sofrimento maior por vários motivos. “A mudança corporal que afeta a mulher é a que mais gera angústia. Nossa sociedade, infelizmente, culturalmente falando, ainda é patriarcal e exige da mulher um padrão de beleza jovem: ‘curvas’, barriga ‘chapada’, malhação intensa. A mudança hormonal do climatério muitas vezes dificulta ou mesmo impede que esses padrões sejam atingidos. Várias mulheres se entregam a procedimentos estéticos em busca desse padrão e nem sempre conseguem atingi-lo”, comenta.  


“Os procedimentos são cada vez mais frequentes e iniciados em idades mais precoces. Muito ainda precisamos mudar e entender que não é necessário ter um padrão de beleza jovem. Cada idade tem o seu belo e deve ser assim valorizado e respeitado. Com a pandemia, pintar – ou não – os cabelos brancos passou a ser mais discutido. Saindo da questão corporal, as preocupações da mulher com o envelhecimento costumam ter um cunho mais profundo. Ela passa a refletir mais sobre seus papéis.”

Geriatra ou gerontólogo?  Simone Lima ensina que a geriatria é uma especialidade médica. Esse especialista estuda mais o processo de envelhecimento, estando mais preparado para entender e gerenciar as mudanças dele decorrente e as doenças mais comuns que acontecem. Já o gerontólogo é um profissional que estudou e compreende melhor sobre o processo de envelhecimento em suas diversas esferas: física, social e emocional. Pode ser das mais diversas áreas, como fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia etc.


"No Brasil, a pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos. A geriatria, inicialmente, está indicada para todos os idosos. O geriatra deve ter uma visão ampla em relação à saúde, abrangendo aspectos físicos, emocionais e psíquicos do paciente que está em processo de envelhecimento. Ele vai realizar a promoção à saúde, rastreio e diagnóstico de doenças, gerenciar os tratamentos e buscar a qualidade de vida como um todo. Mas nada impede que uma pessoa com idade inferior a 60 anos procure um geriatra em busca desses benefícios.”


A médica lembra que o acompanhamento com profissional qualificado é de fundamental importância para o gerenciamento das diversas questões que o envelhecimento traz. “Quanto mais cuidado, menor o risco de problemas graves atrapalharem a vida do idoso.” O geriatra também está apto a realizar, quando indicado e necessário, o acompanhamento das doenças sem possibilidade de cura, aplicando os cuidados paliativos.


E sobre o "desabafo" de Xuxa, que ganhou destaque nas redes sociais e virou o assunto do momento, a geriatra acredita que “ela tem toda razão. Precisamos de uma mudança cultural e, consequentemente, social, e isso demanda tempo. As pessoas e o mundo estão envelhecendo e ainda se considera que envelhecer é ficar dependente, doente. Já está na hora de mudar esse discurso. O idoso não deve ser sinônimo de fardo, de doenças ou dependência”.


Segundo a especialista, “os novos idosos estão chegando em idades mais avançadas de forma mais independente e cheios de vida. É necessário fazer com que as pessoas reconheçam a diversidade e a experiência do idoso. Aumentar ações que combatam esse preconceito, tanto na mídia como na sociedade como um todo, é imperativo.


“Ao conscientizar a população sobre o etarismo e suas consequências, podemos diminuir  os estereótipos baseados na idade, sejam eles profissionais, físicos ou sociais, pois eles podem causar efeitos muito negativos na pessoa idosa”, alerta. 

Envelhecimento saudável

Quanto à saúde em si, a geriatra estaca a existência de alguns pilares ara um envelhecimento realmentesaudável. Entre eles:

 

Uma boa nutrição, que ofereça ao idoso alimentos com nutrientes, vitaminas e outros compostos que ajudem o bom funcionamento do organismo

Um acompanhamento profissional regular para descobrir precocemente algum problema, se existe ou não algum déficit

Atividade física, que também é importantíssima, pois além de reduzir o risco de doenças crônicas melhora o humor, a mobilidade, o convívio social, e ajuda a manter o peso corporal e aumentar a massa magra

Manter uma rede de convívio não só com familiares e entes queridos, mas com amigos e amigas, o que ajuda consideravelmente na melhora do humor e o faz mais independente.