Edna Perpétuo Rapini aprendeu os primeiros pontos de bordado quando criança, mas só com a aposentadora conquistou tempo para se dedicar ao hobby
Ramon Lisboa/Em/d.a pressAs vacinas chegaram, o medo arrefeceu, a Ômicron assusta e o surgimento de novas cepas é um fantasma constante. Por isso, o hobby que muitos descobriram no momento mais crítico da pandemia segue como companhia nesta fase menos caótica . Seja o bordado, a pintura, a tecelagem, a costura, o livro, as quitandas, o desenho... São inúmeras as possibilidades que jamais se despedem e dão qualidade ao tempo.
Edna Fátima Aquino Perpétuo Rapini, de 57 anos, administradora de empresa, bancária, que se aposentou em 2019, imaginava viver o novo ciclo da vida de uma forma e veio a pandemia.O bordado não é só um passatempo, ele me acalma, não me deixa pensar em nada ruim, não há espaço na mente para besteiras, nem para falar mal dos outros. Eu me desligo e entro no meu mundo colorido
Edna Fátima Aquino Perpétuo Rapini, de 57 anos, administradora de empresa aposentada
“Sempre gostei de trabalhos manuais. Mas com filho, casa, pais idosos, trabalho, não tinha tempo, só desejo e vontade. Quando criança, nas férias, na casa da tia e didinha Maria, como era muito levada, para me aquietar ela me dava linha e agulha, já que bordava e fazia crochê. Aprendi os primeiros pontos, cresci, veio a vida, o trabalho, a missão de ganhar dinheiro, o estudo e meu sonho ficou adormecido. Com a pandemia e a aposentadoria, decidi colocá-lo em prática.”
BELEZA, COLORIDO E TÉCNICA DO PATCHWORK
Kátia Ribeiro
Túlio Santos/em/d.a pressDepois de cursos de matemática financeira e tudo mais que pensar de especialização na área, Kátia lembra da reação espantada do ex-chefe quando soube da sua nova ocupação.O patchwork é uma companhia, consigo ficar tranquila dentro de casa fazendo o que gosto. Digo que, depois de anos com a carga pesada do trabalho dentro de uma instituição financeira, o patchwork é meu bilhete premiado. Só penso em costurar
Kátia Ribeiro, de 57 anos, bancária aposentada há dois anos
“A primeira peça que fiz mandei foto para ele, que mora em São Paulo. E saiba que patchwork é matemática pura, tudo é calculado, como encaixar cada bloco, combinação de cores, é muito legal. E tudo começou com a indicação de um ateliê por uma amiga, e não largo mais. Tenho aula uma vez por semana, é presencial, com todos os cuidados, apenas três pessoas mais a professora, e amo cada descoberta. É minha terapia.”
ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA
Thales Vianna Coutinho, psicólogo clínico e professor de psicologia da Estácio BH, avisa que o hobby tem uma função terapêutica, mas não significa que seja uma terapia, que é algo estruturado, específico e com demonstração de eficácia comprovada
Arquivo PessoalO hobby entra nessa categoria. Ele é bom, promove a socialização, alivia o estresse, ajuda a passar o tempo, estimula a felicidade, mas não é a mesma coisa que uma psicoterapia. Ou seja, ele pode fazer você ficar mais desinibido, mas não tem propriedade para livrar o indivíduo da depressão ou da ansiedade.

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