Para o ministro, aquela cena foi a comprovação de que havia uma ala golpista dentro do Exército. "Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que um golpe estava em andamento, ela se dissipou naquele momento. A maioria do Alto-Comando torcia para que o levante tivesse dado certo".
Dino também disse que deu ordem para o comandante do Exército prender os golpistas acampados, mas o militar "tentou crescer para cima" do ministro e se opôs às prisões.
No meio dessa discussão, outro general interveio e disse que a polícia nunca tinha entrado no quartel para prender pessoas. Essa é uma evidência acima de qualquer dúvida razoável de que havia a simpatia nas Forças por uma virada de mesa. O Exército estava dividido entre bolsonaristas golpistas e bolsonaristas legalistas, mas sempre bolsonaristas.
Por fim, Dino destacou que houve concordância em efetuar as prisões dos golpistas no dia seguinte àquele 8/1 —de fato, na manhã do dia 9/1 cerca de 1.500 bolsonaristas que estavam acampados em frente ao quartel-general do Exército em Brasília foram levados para a prisão.
Seis meses depois do ocorrido, Flávio Dino pondera que ter aguardado para efetuar as prisões no dia seguinte foi o correto a ser feito. "Se fosse diferente, seria perigoso para as pessoas e talvez pior ainda para a democracia. Imagina a PM de um lado e o Exército do outro."
Atualmente, mais de 1.200 pessoas respondem a processos e cerca de 250 estão presas. Os prejuízos causados aos cofres públicos com as destruições das sedes do STF (Supremo Tribunal Federal), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto é de pelo menos R$ 20 milhões.