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Estado de Minas ATO GOLPISTA

STF, Planalto e Congresso têm prejuízo de pelo menos R$ 20 milhões com 8/1

STF teve o maior prejuízo, com um valor de R$ 11,4 milhões até agora entre dinheiro já desembolsado e estimado


04/07/2023 23:19 - atualizado 05/07/2023 09:08
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Bolsonaristas em plena quebradeira na Praça dos 3 Poderes
Bolsonaristas em plena quebradeira na Praça dos 3 Poderes (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O valor total de dinheiro público desembolsado ou estimado para cobrir os prejuízos dos ataques golpistas de 8 de janeiro já supera R$ 20 milhões, informam STF (Supremo Tribunal Federal), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.

Os dados mais atualizados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação e também com a CPI do 8 de janeiro.

Segundo as informações fornecidas pela cúpula dos três Poderes, o STF teve o maior prejuízo, com um valor de R$ 11,4 milhões até agora entre dinheiro já desembolsado e estimado.

Em seguida, vêm o Congresso, com R$ 4,9 milhões -R$ 2,7 milhões na Câmara e R$ 2,2 milhões no Senado--, e o Planalto, com R$ 4,3 milhões.

O valor total das perdas causadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda deve crescer, já que há custos que, seis meses após o ocorrido, ainda não foram estimados.

Esse é o caso, por exemplo, do relógio francês do século 18 entregue pela corte francesa como um presente a dom João 6º e que foi arremessado por duas vezes no chão no dia dos ataques.

Há somente duas unidades do relógio produzido pelo artista Balthazar Martinot --o segundo está no Palácio de Versalhes, na França. O armário usado como base para o relógio, uma ânfora em porcelana e uma cadeira de jacarandá estão entre as outras obras danificadas cuja avaliação ainda não foi feita.

Identificado como Antonio Claudio Alves Ferreira, 30, o vândalo do relógio de dom João 6º foi preso pela Polícia Federal em 23 de janeiro na cidade de Uberlândia (MG). Em 8 de janeiro, ele usava uma camiseta com o rosto de Bolsonaro.

A Folha de S.Paulo fez no início do mês passado pedidos, por meio da Lei de Acesso, ao STF, Câmara, Senado e Planalto -só os dois últimos responderam até agora. Apesar disso, a Câmara enviou relatório atualizado dos prejuízos à CPI. A assessoria de imprensa do Supremo antecipou à reportagem o valor atual do gasto feito e do estimado com os ataques.

O maior custo informado pelo Executivo se refere a obras de arte danificadas. A Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou avarias em 24 delas. Dessas, 15 tiveram os valores avaliados pelo órgão, em montante que chega a R$ 3,5 milhões.

Em relação à estrutura do palácio, o maior gasto foi com a reposição da vidraçaria quebrada pelos vândalos (R$ 204 mil). Há ainda uma relação de 149 itens que desapareceram, entre eles oito armas de choque tipo spark elite 22.0, aparelhos de saúde (estetoscópio, nebulizador e glicosímetro), algemas, poltronas, gaveteiros e outros objetos.

Assim como no Planalto, no Congresso os maiores valores informados dizem respeito à restauração de obras de arte e históricas danificadas pelos vândalos.

O Muro Escultório de Athos Bulcão, que fica no Salão Verde da Câmara, sofreu uma perfuração, por exemplo.

Já entre os furtos ocorridos no dia 8, há um presente do Qatar à Câmara, "The Pearl", feito em ouro, pérola e couro e avaliado em R$ 5.000.

A Câmara vai precisar também trocar todos os 2.000 metros quadrados de carpete do Salão Verde -o principal da Casa-, a um custo de R$ 626 mil.

No Senado, a despesa mais alta diz respeito à restauração da pintura a óleo do século 19 que representa o "Ato de Assinatura da Primeira Constituição" -ela mede 2,90 x 4,41 metros, é emoldurada em jacarandá maciço, folheado a ouro.

No dia dos ataques, vândalos se penduraram na obra, que fica no museu do Senado, na tentativa de derrubá-la.

"Felizmente, não conseguiram, mas a tela soltou da base da moldura, o que ocasionou mossas [marca de uma avaria] e arranhões na pintura", escreveu em seu relatório a coordenadora do Museu Histórico do Senado Federal, Maria Cristina Monteiro.

A moldura, em madeira, também sofreu perdas de suporte, e a restauração completa da obra está estimada em R$ 800 mil.

Já a tapeçaria de Burle Marx, que foi urinada, rasgada e arranhada até com bolas de gude, tem custo de recuperação projetado em R$ 250 mil.

"Em contato com o Burle Marx Escritório de Paisagismo, foi indicado o ateliê do restaurador Raul Carvalho, em São Paulo, como referência. Desde então, estamos em tratativas para contratação por inexigibilidade. O valor estimado em R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) abrange a restauração, transporte e seguro da obra de arte", diz o relatório assinado por Maria Cristina.

A coordenadora também aponta no relatório já terem sido restaurados vários itens vandalizados na invasão aos três Poderes. Entre eles, uma escrivaninha, datada do século 19, pertencente ao Palácio Monroe, a sede do Senado na antiga capital federal, o Rio de Janeiro.

"O móvel, que fazia parte do mobiliário da recepção do Cerimonial da Presidência do Senado, foi completamente depredado. Suas gavetas foram arrancadas, o tampo foi deixado no Salão Azul, muitos pedaços e fragmentos foram encontrados no Salão Negro, Salão Azul e Túnel do Tempo. O móvel foi remontado como um quebra-cabeça, necessitando de retalhos de madeira e enxertos para substituição dos fragmentos que faltavam. A peça foi finalizada e atualmente está em exibição no Museu do Senado."

Os ataques de 8 de janeiro, promovidos por apoiadores de Bolsonaro, ocorreram dias depois da posse do presidente Lula (PT) e representaram uma ação inédita na história da República.

A Procuradoria-Geral da República já denunciou 1.390 pessoas pelo quebra-quebra na praça dos Três Poderes. Dessas, o STF já aceitou a denúncia contra 1.290, o que os levou à condição de réus.

O caso também motivou a instalação de uma CPI mista no Congresso Nacional.

Em outra frente que tramita na Justiça Federal, a AGU (Advocacia-Geral da União) ajuizou ações para buscar o ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos.

Em três pedidos, segundo o órgão, foi solicitada a indisponibilidade de bens de mais de uma centena de pessoas e empresas, incluindo aquelas acusadas de financiar o fretamento dos ônibus que transportaram os apoiadores de Bolsonaro a Brasília nos dias que antecederam os atos.

 


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