Jornal Estado de Minas

SEM INTERFERÊNCIA

Prisão de Milton Ribeiro: bolsonaristas elogiam presidente

A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, nesta quarta-feira (22/6), vem rendendo elogios de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Para a ala bolsonarista, a prisão “prova” que o chefe do Executivo não vem interferindo nas ações da Polícia Federal (PF), como vinha sido acusado.



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Para o deputado Marco Feliciano (PL-SP), a prisão evidencia que “o Governo não compactua com possíveis erros, tanto que a investigação da PF se baseia em um relatório da CGU, órgão do Governo Federal. E a  lei é para todos”.



Esse também foi o argumento usado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do presidente. “É a prova de que investigações têm total autonomia e não são barradas pelo Governo, como a esquerda afirma. E sigo o que o presidente sempre pregou e continua: 'se fez algo errado, que pague por isso'", declarou.



O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), também da base de Jair Bolsonaro (PL), criticou o juiz federal Renato Coelho Borelli, após a prisão do ex-ministro.



“Juiz determina o uso obrigatório de máscaras e multa para Bolsonaro. Juiz torna Sérgio Camargo réu em queixa-crime feita por Tabata Amaral. Juiz decreta prisão de Milton Ribeiro. O que essas decisões têm em comum? O juiz Renato Coelho Borelli. Mas deve ser apenas coincidência”, escreveu no Twitter.


A deputada Bia Kicis (PL-DF) usou as redes para chamar Bolsonaro de “exemplar”.

Opinião de Jair Bolsonaro


Mais cedo, em entrevista à rádio Itatiaia, Bolsonaro disse que Ribeiro deve responder pelos atos dele. “Se tem prisão, é sinal de que a Polícia Federal está agindo. Ele que responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum. Mas, se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando, é um sinal que eu não interfiro na PF, porque isso aí vai respingar em mim, obviamente", afirmou.



Interferência na PF


Jair Bolsonaro é investigado pela interferência na Policia Federal, mas um relatório da própria instituição, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que não há elementos de crime na conduta do presidente.

O relatório é parte do inquérito aberto em 2020 pelo Supremo, que atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). O pedido teve por base acusações a Bolsonaro feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro (UB).

Quando se demitiu do cargo de ministro da Justiça, Moro disse que Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e exonerar o então diretor-geral da corporação, Mauricio Valeixo, indicado pelo próprio Moro. 





Preso por corrupção


Milton Ribeiro foi preso preventivamente nesta quarta-feira (22/6), em Santos, litoral paulista. O mandado da operação “Acesso Pago”, da Polícia Federal, cita crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

A operação mira também grupo de pastores. Ao menos um dos pastores, Gilmar Santos, também foi preso.

Segundo a PF, a operação investiga a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Assinado pelo juiz federal Renato Borelli, o ofício determina que Ribeiro seja levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Milton Ribeiro substituiu Abraham Weintraub no Ministério da Educação no governo de Jair Bolsonaro e permaneceu no cargo de 16 de julho de 2020 a 28 de março de 2022. Em seu lugar entrou Victor Godoy Vieira, atual chefe da pasta.