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Estado de Minas Entrevista

"Ministro da Saúde é Bolsonaro", diz presidente da CPI da COVID, Omar Aziz

Presidente da CPI da COVID diz que investigações mostram falta de autonomia na pasta


06/06/2021 04:00 - atualizado 06/06/2021 07:43

(foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

"Nós temos indícios do cometimento de crime contra a saúde pública e de crime contra a vida. Agora, os responsáveis, nós vamos investigar"


O presidente da CPI da COVID do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), tem muitas expectativas em relação ao novo depoimento que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestará à comissão na terça-feira. Em entrevista ao Estado de Minas, o senador disse acreditar que será uma boa oportunidade para o representante do governo esclarecer se ele, realmente, conta com autonomia para comandar a pasta no enfrentamento do novo coronavírus, como disse na primeira vez em que foi inquirido pelo colegiado, no início de maio.

Para Omar Aziz, à medida que as investigações avançam, crescem as evidências de que o Ministério da Saúde nunca teve autonomia para agir no combate à crise sanitária. As suspeitas são de que um 'gabinete paralelo', formado por médicos e assessores do Palácio do Planalto, é responsável por orientar as ações federais contra a COVID-19.

Nesse cenário, a recomendação e a distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença ganharam mais prioridade do que a aquisição de vacinas. Na visão do presidente da CPI, "quem é o ministro da Saúde é o Bolsonaro”. Veja ao lado os principais pontos da entrevista.

Impacto da CPI

Com certeza. Hoje, com a CPI mostrando ao Brasil que o governo brasileiro não quis comprar vacina, eles se apressam na compra da vacina. Mas, infelizmente, já são quase 500 mil mortos. Isso poderia ter sido evitado, principalmente se nós tivéssemos comprado 130 milhões de doses no ano passado; eram 60 milhões da vacina do Butantan e 70 milhões da Pfizer. Está provado que o ministro da Saúde à época, Eduardo Pazuello, e o presidente não tiveram nenhum interesse na compra dessas vacinas. Preferiram apostar na política sanitária errada, que é a imunidade de rebanho. Isso custou as vidas de muitas pessoas que acreditaram que (a COVID-19) era uma gripezinha, que o cara que é atleta não morre.Numa cidade como a minha (Manaus), onde muitas vezes moram juntos avô, avó, os netos, tudo junto, o vírus contamina o avô, a avó, e eles vão a óbito. Depois a doutora Yamaguchi (Nise, defensora da hidroxicloroquina no tratamento precoce da COVID-19, que depôs na semana passada à CPI) disse que queria fazer uma imunidade em crianças. E o pior: defender um negócio criminoso, a vacinação aleatória. Eu não sei o que é vacinação aleatória. Aleatório é jogar na Mega-sena.

Queiroga

A doutora Luana (Araújo, infectologista que teve vetada pelo Planalto a nomeação como secretária de enfrentamento ao novo coronavírus do Ministério da Saúde), que esteve lá (na CPI), disse para mim: 'Senador, o ministro Marcelo Queiroga é uma ótima pessoa, um ótimo profissional, trate ele com respeito, ele não merece isso'. Aí eu fiquei até assustado porque ele não pode nomeá-la, e ela dá um depoimento desse.Isso é legal, mostra também que ele tenta, por um lado, fazer as coisas certas, como médico. Ela fez um depoimento pessoal sobre o Queiroga, na forma como ela falou, é uma decência muito grande, porque ela foi preterida. Ela podia falar mal do Queiroga, mas ela não fez isso. O problema é que o Queiroga, ele rema para um lado, e a cúpula do governo rema para outro. (Como médico), isso é ruim para ele. É simples assim. Quem é o ministro da Saúde é o Bolsonaro.

Gabinete paralelo

Está provado que tem um gabinete paralelo. Até tem um vídeo agora, do Arthur (Weintraub, convocado para depor na CPI) com outro cara, falando 'qual é a estratégia' (em uma live, Arthur, ex-assessor da presidência, dá detalhes de como um grupo de 300 pessoas aconselhou Bolsonaro em temas relacionados à pandemia). O presidente, o governador, o prefeito, eles têm que se curvar à ciência.Eu acho que a doutora Nise deve ser uma boa oncologista, mas de política pública sanitária, de política de infectologia ela não entende nada. A outra lá (Luana Araújo), você viu a diferença do depoimento. Simples assim. Eu não preciso falar nada, é só ver os vídeos. Todas as vezes em que o presidente falou sobre COVID foi em tom jocoso, desrespeitoso às mortes, aos familiares e a milhões de brasileiros. Não precisa eu falar, ele próprio fala. E esse é o desespero dele. Toda quinta-feira ele me agride. Ele, com muito ódio, teve que falar na vacina.

Prova dos crimes

Nós temos indícios do cometimento de crime contra a saúde pública e de crime contra a vida. Agora, os responsáveis, nós vamos investigar. A questão política é outra coisa. Eu acho que, juridicamente, cada um tem que fazer o seu papel, ou vai ficar para a história como alguém que foi omisso no momento em que o Brasil vive. Então cada um sabe o que tem que fazer na sua história, tanto o procurador-geral quanto outras pessoas que tenham responsabilidade sobre isso. A política sanitária que o governo adotou, de tratamento precoce e imunidade de rebanho, é crime. Até a omissão relacionada à demora para a compra de vacina também é crime, de prevaricar (crime cometido quando funcionário público, indevidamente, retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou o pratica contra disposição legal expressa, visando a satisfazer interesse pessoal).


Imparcialidade

A minha resposta ao presidente é para ele não perder tempo comigo e comprar vacinas. Só isso, mais nada. Eu não falo dele, da família dele. Você nunca ouviu eu dizer que o presidente é um genocida. Nunca ouviu eu dizer que ele é um assassino, eu nunca disse isso. E nem sobre a família dele. A única coisa que eu respondo é: 'Presidente, eu sou muito pequeno. Em vez de se preocupar comigo, perca seu tempo comprando vacina'. Eu não faço pré-julgamento de ninguém, e  não quero ser pré-julgado.



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