
O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL) se mostraram contra a convocação de governadores e expuseram a questão durante a sessão, ressaltando que não haviam participado de acordo algum. Aziz, por outro lado, se irritou com pedidos de convocação de prefeitos e do Consórcio Nordeste, feito por parte do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se diz independente mas integra a tropa de frente da base na comissão. "Falta de respeito comigo, que fiz acordo com vocês. Nós fizemos acordo", afirmou.
Aziz pontuou que não lhe agradava convocar, por exemplo, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA), mas que a questão já havia sido combinada. Para convocar governadores, o critério estabelecido foi ter investigação da PF ou do Ministério Público.
Após o fim da sessão, com a convocação de oito governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, Alessandro Vieira foi o primeiro a sair da sala das comissões e disse que preferia que o próprio presidente falasse sobre o acordo. O senador criticou a proposta feita por Randolfe de convocar o presidente Jair Bolsonaro. "Não tem o menor cabimento. Princípio básico de separação de poderes", afirmou. A estratégia de Randolfe ao apresentar o requerimento tem relação com a convocação dos governadores. O senador ressaltou que se os chefes dos Executivos estaduais podem ser convocados, o presidente também pode.
"Eu tenho um receio grande de nós desviarmos o foco. Não chegamos a celebrar acordo. Havia um aceno sobre a convocação dos governadores, que eu acho que é flagrantemente inconstitucional. Ofende o artigo 147 do regimento interno do Senado. E se nós pudermos convocar os governadores, por coerência tinha que convocar o presidente da República", afirmou. O senador afirmou que "é difícil fazer acordo com a base do governo". "Estão com foco aqui de não fazer nenhum tipo de investigação", disse.
"Blindagem"
A base, por outro lado, frisa que a apresentação do requerimento para convocar Bolsonaro não passa de uma estratégia de Randolfe para blindar governadores. Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que convocar Bolsonaro seria inconstitucional pelo princípio da separação de poderes. "O Randolfe apresentou esse requerimento porque ele não queria a convocação de governadores. É uma blindagem", disse.
O relator Renan Calheiros, por outro lado, também afirma que não é competência do Senado convocar governadores. "Há uma vedação regimental óbvia", disse.
Durante a reunião antes do início da sessão que votou os requerimentos, a reportagem apurou que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) mostrou aos colegas senadores que houve no início do ano uma operação da Polícia Federal envolvendo o estado do Piauí. Depois disso, o requerimento para convocação do governador Welington Dias (PT) foi apresentado, extra-pauta, pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que não integra a base governista.
