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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Mandetta descarta pedir demissão: 'Médico não abandona paciente, meu filho'

Ministro da Saúde disse que entende críticas do presidente Jair Bolsonaro, mas seguirá firme no combate ao coronavírus


postado em 03/04/2020 19:14 / atualizado em 03/04/2020 19:18

Ministro da Saúde descartou deixar o cargo, mesmo após críticas de Bolsonaro(foto: Agência Brasil)
Ministro da Saúde descartou deixar o cargo, mesmo após críticas de Bolsonaro (foto: Agência Brasil)
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assegurou nesta sexta-feira, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que não deixará o cargo em função de divergências com o presidente Jair Bolsonaro quanto às medidas adotadas para controlar a pandemia da COVID-19 no Brasil. 

Mandetta é um rígido defensor do isolamento social da população, enquanto o presidente defende uma flexibilização da quarentena de modo a reaquecer a economia. Na quinta-feira, em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro disse que “está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento”. Em outro ponto, faltou que o ministro extrapolou. "O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo. Eu não pretendo demiti-lo no meio da guerra. Agora, em algum momento, ele extrapolou”.

Apesar das recorrentes cutucadas do presidente em sua gestão por meio da imprensa, Mandetta assegurou que seguirá no cargo e citou um princípio aprendido na carreira como médico. “Quanto a eu deixar o governo por minha vontade, eu tenho uma coisa na minha vida que eu aprendi com meus mestres. Médico não abandona paciente, meu filho”.

“Eu já cansei de terminar plantão na minha vida e o plantonista que tinha que chegar, para me render, para eu poder ir embora, não aparecer por um problema qualquer, e eu ficar 24h dentro de hospital. Eu já passei Natal dentro de hospital com filho pequeno em casa e mulher esperando. O foco é no serviço, é no trabalho. Esse paciente chamado Brasil, quem me pediu para tomar conta dele, nesse momento, foi o presidente e tenho dado para ele todas as informações”, acrescentou.

Luiz Henrique Mandetta destacou que Jair Bolsonaro sofre pressões do setor econômico para suspender a recomendação de isolamento dada pelo Ministério da Saúde à população. Justamente por isso, ele entende as críticas que recebe do seu superior. O fato, segundo o ministro, é que com saúde não se brinca.

“Eu entendo os empresários que se queixam com ele, entendo as pessoas que veem o lado político e colocam a ele, entendo as pessoas que gostariam que essa solução fosse uma solução rápida. Mas saúde não é assim, saúde não é coisa, saúde não é concreto, saúde é perfume, saúde é ar. Quando falta ar é que a gente se dá conta que ele existe, é uma coisa que a gente usufrui enquanto está aqui e ninguém está vendo que tem oxigênio naquele local. Se tirar oxigênio, todos vocês vão sair correndo, mesmo que seja o Palácio do Planalto, com piso de mármore e vocês confortavelmente sentados. Vocês não vão querer ficar aqui. Não vamos fazer desse caso um caso maior do que ele já é”, rogou Mandetta.

“O caso agora é uma situação global, que nos desafia a todos, do presidente da República ao mais humilde cidadão brasileiro. Nós estamos todos preocupados, eu estou preocupado, sei do tamanho da responsabilidade. Nossa equipe está todinha preocupada em interpretar todos esses gráficos, trabalhar com o máximo de transparência e estamos aqui para ajudar, para trabalhar”, argumentou.

Após a pandemia, Mandetta admitiu sim partir para novos desafios, seja dentro do Ministério da Saúde ou fora dele. “Se depois que isso acabar, tenho certeza que se, por qualquer uma das situações que podem aparecer, talvez seja mais importante ir debater o sistema de saúde pós COVID em outro lugar. Talvez ajudar o Brasil a pensar um modelo de saúde mais racional, ajudar o mundo a pensar um modelo de saúde de mais racional. Mas, no momento, na beira da cabeceira, eu vou estar ali, e vamos ter dias ruins”, prosseguiu Mandetta.

20 semanas duríssimas

Mais uma vez, Luiz Henrique Mandetta alertou que o Brasil está passando apenas pelas primeiras semanas de um período longo de combate ao coronavírus. Por isso, o momento seria de união e de comprometimento, não de divergências. 

“Nada, nada, vezes nada, para nós que estamos aqui, vai nos abalar do compromisso. Vamos ver como vamos atravessar a próxima semana. Lá atrás, eu disse: ‘vamos ter 20 semanas duríssimas. Vinte’. Estamos ainda nas primeiras quatro, cinco semanas. Temos semanas duras em abril, temos semanas duríssimas em maio. Se estivermos bem abastecidos, com nossos médicos, nossos leitos, nossos enfermeiros, nossos dentistas, todo mundo junto, podemos passar com muito menos drama por algo que o mundo inteiro vai passar. E o Brasil vai passar e esse assunto vai ser superado”, concluiu o Ministro.


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