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Estado de Minas

Azeredo sobre Janot: ''Fui injustiçado e vítima de um psicopata''

Na primeira entrevista após deixar a prisão, ex-governador de MG acusa ex-procurador-geral da República de pedir sua condenação ''sem nenhuma prova''


postado em 25/11/2019 10:00 / atualizado em 25/11/2019 15:47

Azeredo ao ser preso em maio do ano passado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 23/05/2018)
Azeredo ao ser preso em maio do ano passado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 23/05/2018)

Na primeira entrevista desde que saiu da prisão, no último dia 8 de novembro, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (sem partido) disse ter sido vítima do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, a quem acusou de ser o responsável  "sem nenhuma prova" por sua condenação na Justiça.

"Fui injustiçado a partir do Janot,  como todos viram aí, que tipo de pessoa ele é. Para aparecer, digamos assim, me pediu uma pena de 22 anos (conforme a sentença, em 2ª instância, o ex-governador foi condenado a 20 anos e um mês). Um negócio absurdo, sem nenhuma prova, não assinei nada. Fui vítima de um psicopata, como realmente é essa figura do procurador", afirmou Azeredo em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira.

Patrocínio eleitoral


Azeredo admitiu, no entanto, que  houve "patrocínio", por meio de empresas públicas, de sua campanha à reeleição, em 1998. A prática é proibida, contudo, pela legislação que disciplina as eleições no país. "O próprio Zé Afonso ( José Afonso Bicalho),  que era presidente do Bemge (banco estatal privatizado na gestão de Azeredo), reconheceu que não era da alçada do governador saber que patrocínio o banco está fazendo", argumentou.

Governador de Minas entre 1995 e 1998 - disputou a reeleição e perdeu para Itamar Franco (1999/2002) -,  Azeredo foi denunciado pelo Ministério Público Federal, em 2007, pelo esquema conhecido como mensalão tucano, de desvios de dinheiro público. Em 2014, Janot pediu a sua condenação. Azeredo era filiado ao PSDB e pediu neste ano a desfiliação.

Segundo os investigadores, por meio de estatais, foram desviados R$ 3,5 milhões ( a preços da época) para a campanha. O esquema foi considerado uma espécie de embrião do mensalão do PT, uma vez que o operador mineiro Marcos Valério teria participado dos dois esquemas.

Para Azeredo, a prisão dele, após ser condenado em 2ª instância, foi uma compensação à prisão de Lula, preso um mês antes, em abril de 2018.

Rotina na cadeia e livro


Durante o período em que ficou preso, quase um ano e meio, em uma das sedes do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, no Bairro Anchieta, na Região Centro-Sul, Azeredo disse que sua rotina se resumiu a 32 cursos de ensino a distância, exercícios físicos diários e idas à capela local da corporação. "Fui muito bem tratado", disse, contando ainda que tinha permissão para assistir pela TV aos jogos do América-MG, clube do qual é torcedor.

Azeredo também disse que escreveu um livro na prisão, contando sua trajetória na política. Ele é também ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-senador e ex-deputado federal. O ex-tucano não adiantou quando  será o lançamento, afirmando apenas que está em fase de "juntar fotografias" para ilustrar a publicação.

''Dó de Zema''


Azeredo também disse, durante a entrevista à Rádio Itatiaia, sentir pena do governador Romeu Zema (Novo). "Tenho dó do Zema, coitado. Está aí passando um aperto do cão",  afirmou o ex-governador ao justificar por que não teve conhecimento do desvio de recursos públicos para, segundo ele, servir de "patrocínio eleitoral".

"Aí fiquei um pouco frustrado, porque disseram que não é crível (se referindo a ele próprio) não soubesse ( do patrocínio). Não é possível que alguém não entenda o tamanho de Minas Gerais, a dificuldade de governar", disse.

Voltar à prisão


Perguntado se sentia medo de voltar à prisão, Azeredo disse que "não penso nisso, não". A soltura do ex-governador foi concedida graça à decisão do Supremo Tribunal Federal  em revogar prisões em 2ª instância.

Hoje, a Constituição Federal determina a prisão - salvo flagrante delito e exceções previstas em lei-,  quando do trânsito em julgado. Esse expediente poderá ser revisto, caso o Congresso determine por meio de votação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC).


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