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Estado de Minas

Crise no PSL tem novo capítulo com CPI das Fake News

Comissão mira nomes fortes ligados ao partido do presidente e ao Planalto. Depoimento do deputado Alexandre Frota, esperado para quarta-feira, pode ser explosivo


postado em 28/10/2019 04:00 / atualizado em 28/10/2019 07:19

Flávio (de pé) e Eduardo Bolsonaro durante votação de requerimentos na CPI Mista das Fake News (foto: Marcos Oliveira/Agência Senado )
Flávio (de pé) e Eduardo Bolsonaro durante votação de requerimentos na CPI Mista das Fake News (foto: Marcos Oliveira/Agência Senado )
Os fantasmas das eleições de 2018 ainda devem assombrar muita gente graúda do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos dias, a crise na legenda mudou de patamar e escalou a rampa do Palácio do Planalto.

As atenções voltadas às candidaturas de fachada em Pernambuco e Minas Gerais agora se voltam também para as suspeitas de que a estrutura da sede do governo esteja sendo usada para comandar um batalhão de perfis falsos nas redes sociais, com a missão de espalhar difamações e mentiras.

O presidente da CPI Mista das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse que "a comissão de inquérito não foi criada para servir de arena de disputa política, mas adotará todo o rigor nas investigações e na responsabilização dos envolvidos".

"A CPMI aprovou requerimento de convocação de pessoas que trabalharam na campanha do presidente Jair Bolsonaro para que esclareçam denúncias de disseminação de fake news. Vamos apurar com todo o rigor, mas não vou permitir que a CPMI seja transformada em palanque para quem queira se vingar", disse o presidente da comissão.

Impulsionada pelas investigações sobre o uso de candidaturas fantasmas nas eleições passadas, a crise no PSL se transformou em uma disputa interna entre aliados do presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), e de Bolsonaro. Com um talento único para fazer desafetos, o presidente da República virou alvo de ameaças e acusações de ex-aliados.

A revelação da deputada Joice Hasselmann (SP), retirada por Bolsonaro da liderança do governo no Congresso, de que a difusão de fake news iniciada na campanha continua a todo vapor dentro do Palácio do Planalto caiu como uma bomba em Brasília.

Nos próximos dias, a CPMI vai agendar os depoimentos de seis assessores de Bolsonaro que tiveram a convocação aprovada na semana passada. Os requerimentos foram apresentados pela oposição, que, com maioria no colegiado, tem imposto sucessivas derrotas à ala governista.

Entre os convocados a depor estão integrantes do chamado "gabinete do ódio", uma expressão usada internamente no governo para se referir ao grupo formado pelos assessores especiais da Presidência Tércio Arnaud Tomaz e José Matheus Sales Gomes, além de Mateus Diniz, lotado na Secretaria de Imprensa. Todos são ligados a Carlos Bolsonaro (PSC). 

A lista de convocados inclui também duas assessoras que trabalharam na AM4 Inteligência Digital, empresa contratada pela campanha de Bolsonaro: Rebecca Félix e Taíse Feijó.

Rebecca foi demitida do cargo que ocupava no Palácio no último dia 17. Durante a campanha, ela foi coordenadora da equipe de comunicação digital, encarregada das redes sociais.

Taíse é lotada na Secretaria de Modernização do Estado. Na AM4, ajudou a operar a estratégia de comunicação digital do então candidato. Outros convocados são o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o assessor especial da Presidência, Filipe Martins.

Convite a Frota 

 As expectativas para esta semana na CPI das Fake News, porém, giram em torno do depoimento do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-aliado e agora desafeto de Bolsonaro, marcado para a quarta-feira. Como o parlamentar foi convidado, ele não é obrigado a comparecer, mas a expectativa da oposição é que Frota faça acusações diretas contra Bolsonaro. 

Em agosto, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao ser questionado sobre o suposto impulsionamento de fake news pela campanha presidencial do PSL, Frota respondeu que sabia de todo o método.

Os movimentos em Brasília indicam que a crise do PSL poderá trazer ainda mais dores de cabeça para Bolsonaro. Há um sentimento grande de revolta entre deputados contra o presidente e seu filho e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que se tornou o novo líder da legenda na Câmara em substituição a Delegado Waldir (GO), após uma conturbada disputa. Apesar de Eduardo insistir que a poeira baixou e a crise está debelada, uma forte tensão ainda está no ar. 

"Eles desmoralizaram o partido publicamente de uma maneira desumana, disseram que não há transparência, deram um golpe para tomar o controle, ofenderam o presidente Bivar e vários deputados, e agora querem dar uma de bonzinhos dizendo que a crise acabou? Nada disso, eles vão ter que reparar todas essas difamações que cometeram", disse à reportagem o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), acrescentando que a direção do partido vai à Justiça pedir uma reparação judicial. 

Áudios de Queiroz 

Em meio a tudo isso, áudios de WhatsApp mostram Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), se queixando de ter sido abandonado pelo grupo político que elegeu Bolsonaro no enfrentamento da investigação que o Ministério Público move contra ele e o senador. Os áudios, datados de junho, enviados a interlocutor não identificado, foram divulgados pela Folha de S. Paulo.

"É o que eu falo, o cara está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar. O MP (Ministério Público) está com uma p. do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir", queixou-se.

Em outro trecho do áudio, ele revela ter planos para lapidar o que ele chama de "bagunça" no diretório Regional do PSL no Rio de Janeiro, até agora comandado por Flávio Bolsonaro. 


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