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Estado de Minas

Leitores aprovam decisão do EM de banir fotos de autores de massacres


postado em 24/03/2019 06:00 / atualizado em 24/03/2019 08:56

Escola em Suzano foi alvo de assassinos que mataram oito pessoas e levaram jornal a adotar nova postuta(foto: Miguel Schincariol/AFP)
Escola em Suzano foi alvo de assassinos que mataram oito pessoas e levaram jornal a adotar nova postuta (foto: Miguel Schincariol/AFP)

 

“Sábia”, “corajosa” e “responsável” foram algumas das definições usadas por leitores diante do novo posicionamento editorial do Estado de Minas, veiculado em 19 de março, quando o jornal anunciou que não publicará mais em suas edições impressa e on-line imagens de autores de massacres ou de criminosos que planejam atentados, sejam eles no Brasil ou no exterior. A cobertura deve ser focada nas vítimas e em suas famílias e nas investigações. O propósito é dar voz e visibilidade a quem sofreu com o episódio e desencorajar qualquer tentativa de culto à personalidade de responsáveis por crimes hediondos.

“A premiê da Nova Zelândia não pronunciou o nome do criminoso dos ataques recentes em seu país. Enquanto isso, aqui no Brasil, sabemos mais dos assassinos de Suzano do que das vítimas”, observou, via Instagram, a leitora Ariane Pinho, em consonância com a decisão editorial do EM. Rita de Cássia Marques também se manifestou. “Sou assinante e fico feliz com essa notícia. Não estou interessada em conhecer essas pessoas!”. Para Cintia de Castro Oliveira, o posicionamento do jornal dos Diários Associados é um marco na imprensa: “Planejam todo o crime com detalhes de crueldade para o momento do holofote e todos os meios de comunicação alimentam essa psicopatia. Até que enfim, um meio de comunicação sensato”. Titi Viggiano vai além e defende que a legislação incorpore a prática. “Ótima atitude! Parabéns! Que se multiplique e vire lei!”, afirmou.

Atentados violentos não eram corriqueiros no Brasil. Mas barbáries como as de Realengo, no Rio de Janeiro; Goiânia, em Goiás; Janaúba, em Minas Gerais; e Suzano, em São Paulo, mancharam a história do país e acenderam o alerta contra a intolerância, o ódio e o medo. Todos eles tiveram escolas como alvo e destruíram sonhos, da mesma forma que fizeram dois estudantes norte-americanos em abril de 1999, no conhecido Massacre de Columbine. A manchete da edição impressa do EM de 14 de março, sobre o ataque a um colégio de Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo, retrata exatamente isso: “Brasil volta a copiar o horror dos Estados Unidos”.

Combate à violência  O Estado de Minas entende que a espetacularização das tragédias e, sobretudo, de seus autores dificulta o combate à violência e alimenta um ciclo pernicioso que ameaça vidas em todo o país. Os leitores continuarão a ser informados de todos os fatos, sem comprometimento do bom jornalismo. “Excelente. Vamos divulgar as professoras que defenderam as crianças, as histórias e sonhos de cada pessoa que foi assassinada. Eles é que devem ser lembrados”, aplaudiu Suzy Rodrigues, em um das dezenas de comentários nas redes sociais em apoio à decisão editorial.

Em cinco dias, as publicações que chamam a atenção do leitor sobre a nova diretriz acumulam milhares de curtidas e reações no Facebook, Twitter e Instagram, sendo compartilhadas por centenas de pessoas. “Gostaria que toda a imprensa tivesse a mesma postura”, disse Regina Sarsur. O leitor Antoini Paixão completou: “Medida sensata, madura e, sobretudo, humana”.

 

Confira abaixo a íntegra do comunicado do jornal:

“O Estado de Minas decidiu que não mais publicará, em suas edições impressas e na internet, imagens de autores de massacres ou de criminosos que planejam atentados. Tanto no âmbito nacional quanto internacional, a cobertura de fatos desta natureza deverá destacar os perfis das vítimas e dar voz aos seus familiares. Também deve enfocar os trabalhos de prevenção e investigação das forças de segurança para impedir a concretização dos crimes que atentam contra a humanidade.

Em casos específicos, apenas quando houver a avaliação de que é indispensável reproduzir fotos para não haver prejuízo à compreensão da notícia, os rostos serão borrados, de tal forma que a identificação visual se torne impossível. A decisão visa desencorajar qualquer tentativa de culto à personalidade de responsáveis pelo planejamento e execução de crimes hediondos.


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