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Estado de Minas

Há 20 anos, Jair Bolsonaro defendia reedição do AI-5

Na ocasião, o deputado federal eleito para o terceiro mandato disse, em entrevista ao Estado de Minas, que a medida serviria para cassar políticos corruptos


postado em 12/12/2018 17:35 / atualizado em 12/12/2018 18:41

(foto: Valter Campanato/Agencia Brasil )
(foto: Valter Campanato/Agencia Brasil )
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) defendia, há 20 anos, o que seria, segundo ele, uma "bem-vinda" reedição do Ato Institucional Número Cinco (AI-5). No caderno especial do Estado de Minas que lembrou os 30 anos da medida que marcou o início do período de maior restrição de liberdade do governo militar, publicado em 12 de dezembro de 1998, Bolsonaro que acabava de ser eleito para o terceiro mandato como deputado federal, criticou o Congresso, elogiou os militares e fez duras críticas aos que militaram contra a ditadura, chamados por ele de "vagabundos que assaltavam banco". 

Na montagem abaixo, é possível ver a entrevista, a capa do caderno especial que lembrou os 30 anos do AI-5 (abaixo, à esquerda) e a página em que a entrevista foi publicada (abaixo, à direita).
Na ocasião, o país redemocratizado acabava de reeleger o tucano Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República e, segundo Bolsonaro, o Legislativo só existia à época "para dizer que existe democracia". Perguntado sobre o motivo que o levava a se candidatar novamente, já que mostrava tanta descrença no Legislativo, Jair Bolsonaro foi categórico: "Para ter menos um picareta aqui".
 
AI-5
 
Em 13 de dezembro de 1968, o governo do então presidente Artur da Costa e Silva editou o mais duro dos 17 atos constitucionais da ditadura militar no Brasil. Os atos institucionais foram a forma de legislar do regime militar e o Ato Institucional Número Cinco (AI-5) resultou na perda de mandatos de parlamentáres contrários ao governo e na suspensão de garantias constitucionais que resultaram numa espécie de chancela à tortura no país. 
 
 
Leia abaixo a íntegra da entrevista publicada em 12 de dezembro de 1998 pelo Estado de Minas 
 
JAIR BOLSONARO
“Uma reedição bem-vinda” 
Eleito deputado federal pela terceira vez, jair bolsonaro (PPR-RJ) defende a volta do AI-5 como solução para acabar com a corrupção. Para ele, um capitão da reserva, “o Legislativo só existe para dizer que existe democracia”. O passado de torturas, prisões e exílios não o incomoda. “Morreram, no máximo, 300 pessoas”.

ESTADO DE MINAS - O AI-5 completa três décadas este ano. O senhor acha que o País estaria melhor se não houvesse passado por ele?
JAIR BOLSONARO - O que eu acho é que uma reedição do AI-5 seria até bem-vinda agora para cassar os políticos corruptos. O Brasil está mergulhado em corrupção. Olha este governo: não pune nenhum ministro envolvido em falcatrua. 

EM - Mas o AI-5 chegou a fechar o Congresso do qual o senhor faz parte.
JB -
E daí? Esse Congresso só saiu da UTI para a enfernaria depois de ter derrubado essa medida do governo que criava alíquotas previdenciárias para os servidores inativos. O Congresso está relativamente fechado. O governo consegue aprovar 99% das coisas que ele quer. Só temos Legislativo para dizer que há democracia.

EM - Se o senhor descrê tanto no Legislativo, por que tentou seu terceiro mandato?
JB -
Para ter menos um picareta aqui. não negocio um voto aqui dentro. Faço a minha parte. Fui reeleito deputado federal com 103 mil votos, praticamente sem gastar. EM - Então o regime militar foi melhor para o País?
JB - Nos 20 anos de regime militar, criamos estatais, construímos hidrelétricas, cuidamos da energia… Fizemos um punhado de coisas que este governo torrou com a privatização. E torrou barato, porque vendeu para grupos de amigos.

EM - Mas o regime foi o responsável pelas torturas, prisões, mortes…
JB - Isso não é nada. No máximo 300 pessoas desapareceram ou morreram. Eram uns vagabundos que assaltavam banco. Queriam o quê? Tratamento a pão-de-ló? Lamarca (Carlos Lamarca, ex-oficial e líder da luta armada, morto pelas tropas) matou um agente da Polícia Federal e explodiu um carro-bomba em São Paulo, destroçando o soldado Mário Kosel Filho. Também aprisionou um tenente de apenas 21 anos, o Alberto Mendes Filho. E executou outros a coronhadas. Tinha que ter tratamento a base de chumbo mesmo. Agora ele é herói e a viúva dele ganha mais de R$ 100 mil a título de indenização.


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