
Os eleitores de Belo Horizonte depositaram seu voto e sua confiança numa Câmara Municipal diferente. O índice de renovação na Casa legislativa foi de 56%, superando o percentual alcançado no último pleito, em 2012, quando houve 53% de troca dos 41 vereadores. Na nova composição, as mulheres ganham espaço, atualmente limitado a uma cadeira, e comemoram um feito inédito na capital mineira. A cientista política Áurea Carolina (PSOL), uma das quatro parlamentares eleitas, foi a candidata que conquistou a preferência dos eleitores, com mais 17 mil votos. A pulverização entre os partidos cresceu e a maior parte das legendas tradicionais encolheu a participação, com destaque para o PT, que conseguiu apenas duas cadeiras.

A campanha de Áurea ganhou força nas redes sociais e a candidata alcançou 17.420 votos, mais de 4 mil a mais do que o segundo colocado, Professor Wendel Mesquita (PSB), com 13.277 votos. Para se ter uma ideia, em 2012, o candidato mais votado, Bispo Fernando Luiz (PSB), registrou 11.950 votos. Foi na Praça da Estação, símbolo da atuação do Muitas, que Áurea comemorou a vitória. “Muita emoção, cidade! Com a potência da nossa corrente de amor, força e coragem, sou a vereadora mais votada de BH, com mais de 17 mil votos. Vamos juntas entrar na Câmara! Essa vitória é de todas e todos nós!”, escreveu em sua página do Facebook.
ESTREIA O resultado da eleição na Câmara mostrou uma maior pulverização dos partidos. Em 2012, havia 19 legendas diferentes compondo as 41 vagas a vereador. Desta vez, o número cresceu para 23. O PSOL faz sua estreia no Legislativo e, além de Áurea, conta com a atriz Cida Falabella. O partido Novo, estreante na corrida eleitoral, também conseguiu conquistar uma vaga.
Os números também indicam maior renovação. Com campanha mais barata em relação a anos anteriores e mais rápida, apenas 18 dos 38 vereadores que tentaram a reeleição conseguiram se manter no cargo. Os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram um eleitorado mais descrente no legislativo de BH, com o aumento das abstenções e dos votos brancos e nulos. No último pleito, a abstenção foi de 18,8%, enquanto este ano chegou a 21,6%. A soma de votos brancos e nulos chegou a 20,9% este ano, sendo que, há quatro anos, esse percentual foi de 16,8%.
BANCADAS As maiores bancadas foram compostas pelo PHS, com quatro vereadores, e pelo PTN, partido do atual presidente da Câmara Wellington Magalhães, que conseguiu se reeleger, e também soma quatro cadeiras. Partidos tradicionais encolheram a participação. O PT reduziu de seis nomes na Câmara para apenas dois – Pedro Patrus e Arnaldo Godoy, ambos reeleitos. O PSB, partido do prefeito Marcio Lacerda, também diminuiu a presença na Câmara, reduzindo de seis para três cadeiras. O PSDB manteve as três cadeiras.
Este ano, começou a valer nova regra, a cláusula de barreira. Só foram eleitos aqueles candidatos que atingiram pelo menos 10% do quociente eleitoral (votos válidos divididos pelo número de vagas). No caso de BH, significa dizer que só conseguiram conquistar cadeira candidatos que tiveram pelo menos 2.912 votos. A norma evita que concorrentes com poucos votos sejam beneficiados pelos chamados “puxadores de votos”.
Apesar disso, este ano, foi necessário menos votos para se eleger vereador. Na última eleição, a menor votação foi a de Elvis Côrtes (PSDC), que teve 3.537 votos. Este ano, foi ade Oswaldo Lopes (PHS), escolhido por 3.018 eleitores.
