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Estado de Minas

Prefeito de Betim 'desaparece'

Depois de sofrer um AVC, Carlaile Pedrosa está ausente da prefeitura há 25 dias, mas pelo menos três decretos sem sua assinatura foram publicados. Vice é seu adversário político


postado em 15/01/2016 06:00 / atualizado em 15/01/2016 07:57

Vereadores Vinicius Rezende e Antônio Carlos denunciaram a ausência de Carlaile Pedrosa ao Ministério Público, Polícia Federal e ao TCE(foto: Edésio Ferreira e Ramon Lisboa//EM/D.A Press )
Vereadores Vinicius Rezende e Antônio Carlos denunciaram a ausência de Carlaile Pedrosa ao Ministério Público, Polícia Federal e ao TCE (foto: Edésio Ferreira e Ramon Lisboa//EM/D.A Press )

Desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) há 25 dias, o prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), deu origem a um mistério na cidade. Embora continue despachando, o chefe do Executivo anda sumido do centro administrativo e, por causa disso, levou vereadores a denunciarem o “desaparecimento” ao Ministério Público Estadual (MPE), à Polícia Federal (PF) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). A procuradora-geral do município, Clélia Coura Horta, afirma que ele está trabalhando em casa, mas reconhece que, nesse período, foram publicados decretos sem a assinatura do prefeito – três deles somam quase meio milhão de reais. O neurologista que acompanha Carlaile, Gustavo Daher, afirmou que o acidente não comprometeu as funções cognitivas do político e que o afastamento da cena pública se trata de “recomendação médica”.

Em 21 de dezembro, Carlaile sofreu o AVC – quando há rompimento de algum vaso do cérebro – e foi imediatamente levado para o hospital. O prefeito, que em 2014 passou por problemas cardíacos, chegou a ficar internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital da Unimed de Belo Horizonte, onde recebeu alta em 29 de dezembro. Durante a internação, em 28 de dezembro, ele chegou a sancionar a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a doação de imóveis num total de R$ 96,7 milhões para o Instituto de Previdência Social do Município de Betim (Ipremb) para abater dívida com o instituto.

“A cidade está passando por um momento difícil e não sabemos quem está governando e se o prefeito está em condições de exercer suas funções. Não sabemos nem se ele está consciente e se tinha como despachar no hospital”, afirma o vereador de Betim Vinícius Resende (SD). Segundo o parlamentar, a Câmara têm recebido denúncias de irregularidades, o que o levou a protocolar, junto ao vereador Antônio Carlos (PT), denúncia-crime no MPE, especificamente na Procuradoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais, na PF e no TCE.

“Estamos pedindo a abertura de inquérito com a apresentação de prontuários médicos, prontuário de alta. Há indícios de falsificação de assinatura. Como uma pessoa internada no CTI tem condição de assinar documentos de 1 mil folhas”, questiona Antônio Carlos, que vai além. “Por que não há boletim médico sobre o estado de saúde do prefeito? Por que ele não aparece?”, reforça.

Também intriga a oposição o fato de o prefeito ter, em no dia 7, publicado decreto em que descentraliza o poder no município e delega mais competências a cinco de seus secretários. O texto justifica que há a “necessidade de imprimir maior dinamização ao serviço público municipal”. Vereadores querem saber ainda porque o vice-prefeito, Waldir Teixeira (PHS), não foi chamado para comandar a administração pública no período.

Oponentes Desde 2014, quando Waldir assumiu a prefeitura enquanto Carlaile estava afastado por problemas de saúde, os dois se tornaram oponentes. O vice-prefeito trocou secretários, cancelou contratos e tomou medidas austeras na economia, desagradando o tucano. “Já protocolei um ofício na Câmara Municipal informando que estou à inteira disposição para assumir a prefeitura”, afirma Waldir, que também estranha o “desaparecimento do prefeito”.

A procuradora-geral do município reforça que o prefeito tem despachado de casa e que, nos dias em que esteve internado, assinou leis e decretos que tinham data-limite para publicação. No entanto, ela reconhece que houve a publicação de decretos em 22 de dezembro, quando ele estava no CTI, que não foram assinados por Carlaile. Os decretos concedem R$ 451.106,55 em créditos suplementares no município.

“Foi um erro e já pedimos a suspensão dos atos. Faz parte da máquina pública mandar para a assinatura do prefeito e publicar. Esses ficaram sem assinatura, mas foram publicados”, justifica Clélia, que disse ter conversado com o prefeito e ter notado apenas uma alteração na voz dele. Segundo o chefe de Gabinete da prefeitura de Betim, Mauro Reis, as especulações em torno do estado de saúde do prefeito se devem ao ano eleitoral.

O Estado de Minas tentou por diversas vezes contato, por telefone, com o prefeito, sem sucesso. De acordo com o neurologista Gustavo Daher, médico de Carlaile, o prefeito teve um AVC que, pela rapidez do tratamento, acabou comprometendo apenas a fala do prefeito. Segundo o especialista, a recuperação está quase completa, mas, por precaução, o médico pediu ao prefeito menos exposição ao público.


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