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Estado de Minas CRISE QUE NÃO DÁ DESCANSO

Dilma abre mão do recesso de fim de ano e estará de volta a Brasília na segunda

Especialista alerta para a importância de uma pausa


postado em 25/12/2015 07:00 / atualizado em 25/12/2015 08:36

Brasília – Após passar o ano em um “inferno astral”, imersa na pior crise econômica das últimas duas décadas e pressionada politicamente, a presidente Dilma Rousseff não conseguirá descanso nem no fim do ano. Pela primeira vez desde que assumiu o Planalto, em 2011, a petista não vai tirar folga em dezembro, como fez nos últimos anos, e na segunda-feira já estará de volta a Brasília para se reunir com a equipe. O objetivo é apresentar medidas econômicas no início do ano que vem, após a troca de ministros da Fazenda, de onde saiu Joaquim Levy para dar lugar a Nelson Barbosa, e do Planejamento, assumido por Valdir Simão. Especialistas analisam que tirar folga poderia aliviar a tensão à qual a presidente acabou exposta neste ano.

Dilma viajou na quarta-feira para Porto Alegre para passar o Natal com a família. A filha da presidente, Paula Rousseff, está grávida do segundo filho, que deve nascer nos próximos dias.

Na segunda, no entanto, Dilma tem reunião marcada com a equipe econômica e ministros do núcleo duro para definir de três a quatro eixos das medidas que pretende apresentar ao Congresso no início de 2016. Nenhuma outra viagem da presidente está prevista. Na reta final de 2015, a presidente ganhou um respiro com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular o rito do impeachment conduzido até então na Câmara dos Deputados, mas ainda não se livrou do pedido de impedimento. O primeiro trimestre do ano que vem promete ser conturbado.

Nos anos anteriores, Dilma costumava aproveitar a folga do Natal para descansar até os primeiros dias de janeiro. Desde que assumiu o governo, Dilma tira alguns dias de férias no fim do ano, em Aratu, na Bahia. Em 2011, a presidente viajou à Praia de Inema, na base aérea, e ficou do dia 26 até 8 de janeiro. Nos outros, repetiu o comportamento. Em 2013, em 2 de janeiro, Dilma chegou a ser alvo de protesto de quilombolas. No mesmo ano, ela teve de interromper o descanso por um dia para visitar a cidade de Governador Valadares (MG), que havia sido inundada.

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso também tinham o costume de tirar férias no mesmo período. Lula também costumava ir a Aratu. Em 2010, o ex-presidente chegou a ser fotografado levando um isopor na cabeça em uma das praias do local. Diferentemente de Dilma, que todo ano vai a Aratu, Lula variou um pouco mais seus destinos. Ele chegou a visitar Fernando de Noronha e o Guarujá. Já FHC não passava o descanso em Aratu. Mas fazia questão de tirá-lo e o fez mesmo em meio a uma reforma, em 1999, quando foi a Praia do Saco, em Sergipe.

DESCANSO ESSENCIAL Para a diretora de Ética e Defesa Profissional da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Rosylane Rocha, as férias proporcionam um escape para o estresse e tensão provocados pelo trabalho. Rosylane destaca o caráter revigorante do descanso. “É como se neste período houvesse uma recarga de energia para retornar com vigor para uma nova fase de alta produtividade”, diz. A médica do trabalho também ressalta que tentar solucionar um problema, abrindo mão das férias pode ser prejudicial, com desgaste físico e emocional. “Muitas vezes, a atenção e o raciocínio ficam por demais comprometidos, a ponto de não se obter êxito em tratativas e planejamentos de crise. Nesse sentido, sempre que possível, é desejável se afastar por um tempo para descansar a mente.”

No caso da decisão da presidente Dilma de abrir mão das férias, Rosylane entende a necessidade de trabalho da petista, mas diz que reduzir a tensão poderia evitar maiores desgastes. “Por se tratar de chefe de Estado, suas férias não são férias em essência, tendo em vista que deve ser interpelada a todo momento por seus assessores e demais autoridades para assuntos urgentes de interesse da nação. Ainda assim, diminuir a agenda presidencial já aliviaria a tensão e seria importante para se recuperar um pouco do cansaço físico e mental. A decisão de abrir mão das férias, na situação de grave crise, pode ser a única medida possível para evitar maiores desgastes e piorar a tensão”, avalia.

Memória

Protesto, descanso e isopor na cabeça


Durante o primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff manteve o destino das férias: a praia de Inema, na Base Naval de Aratu (BA). No último ano, teve apenas cinco dias de descanso. Um dos motivos do retorno à capital federal foi a cerimônia de posse, em 1º de janeiro, no Palácio do Planalto. No mesmo período, ela lidava com o ajuste fiscal e com a iminência da instauração da CPI da Petrobras. Em 2013, a presidente interrompeu o descanso para visitar Governador Valadares (MG), inundada por enchentes, e retornou no mesmo dia para a praia. No ano anterior, enfrentou um protesto em frente à Base Naval de Aratu, organizado pela comunidade quilombola local que denunciava supostos atos de violência da Marinha contra a comunidade. O local também foi cenário das férias do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde chegou a ser visto com um isopor na cabeça no último ano do mandato. Ele também visitou Fernando de Noronha (PE) e o Guarujá, no litoral de São Paulo. Em janeiro de 2006, durante a repercussão do mensalão, denunciado em julho de 2005, o então presidente encurtou as suas férias de fim de ano na base naval. No mesmo período, o país enfrentava a crise do Fundo Monetário Internacional (FMI), outra grande polêmica do governo Lula. Já o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, viajou em janeiro de 1999 para a Praia do Saco (SE), próxima a Aracaju, onde passou seis dias, enquanto uma crise financeira se desenrolava. As férias foram vistas como uma tentativa de mostrar tranquilidade e evitar o pânico no mercado financeiro. Nesse período, a substituição do então presidente do Banco Central (BC), Gustavo Franco, pelo diretor de política monetária do BC, Francisco Lopes, provocou instabilidade na confiança dos investidores. Também estava pendente o pedido de moratória – prorrogação do pagamento da dívida – do então governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Somado a isso, o Congresso trabalhava em uma convocação extraordinária em votações de ajuste fiscal.


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