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Estado de Minas PRÁTICA ATROPELA DISCURSO

Desemprego e inflação em alta, e PIB em queda expõem algumas contradições de Dilma

Na campanha, ao avaliar os impactos da crise na economia nacional, Dilma garantiu, durante debate na TV, a manutenção dos bons índices no crescimento de salários e nos investimentos em infraestrutura


postado em 20/09/2015 00:12 / atualizado em 20/09/2015 08:02

O anúncio das medidas para conter o rombo de R$ 30,5 bilhões no Orçamento e atingir o superávit primário de 0,7% do PIB escancarou de vez as contradições entre o discurso da presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral e suas ações no exercício do mandato. As promessas feitas pela presidente em debates com seus adversários já trombavam com as medidas que o governo vinha tomando, mas isso ficou mais evidente com o anúncio do pacote.

Durante a campanha, Dilma fez duras críticas aos governos tucanos e buscou diferenciar sua gestão prometendo melhores resultados. “Fui bem-sucedida (na economia) se comparar ao que aconteceu com os governos do PSDB, que quebraram o país três vezes. O ministro indicado por Aécio Neves para a pasta da Fazenda (Armínio Fraga) é aquele que praticou taxa de inflação acima do limite nas gestões tucanas”, afirmou a presidente durante debate eleitoral . Hoje, a inflação ultrapassa a casa dos 9%. O último relatório Focus (Banco Central) aponta que a alta dos preços fechará o ano em 9,28%.


No embate com adversários na disputa eleitoral, a presidente citou propostas defendidas pelos candidatos Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) como exemplos que “fracassaram no passado”, uma vez que representariam desemprego e “arrochos salariais”. “A realidade no período em que vocês (tucanos) foram governo é que o desemprego estava em 12,5%. Vocês tiveram ao mesmo tempo uma taxa de juros que bateu todos os recordes durante a gestão Armínio Fraga, em 45%. Vocês colocaram o Brasil de joelhos diante do Fundo Monetário Internacional”, disse Dilma durante debate.

Em relação ao desemprego, a presidente agora morde a língua. O Brasil fechou o segundo trimestre do ano com taxa de desemprego geral em 8,3%. Em alguns estados do Nordeste, essa taxa já está em dois dígitos. O desemprego de jovens só vem crescendo. Já é de 18% entre os que têm entre 18 e 24 anos. Quanto ao arrocho salarial, o pacote de medidas anunciado pela equipe econômica reforça que o discurso da presidente Dilma se perdeu no caminho e agora bate de frente com as ações do seu governo. No pacote, além de corte de gastos na saúde e em outras áreas importantes, a presidente tenta ressuscitar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), provocando o arrocho condenado pela petista em 2014.

Na campanha, ao avaliar os impactos da crise na economia nacional, Dilma garantiu, durante debate na TV, a manutenção dos bons índices no crescimento de salários e nos investimentos em infraestrutura. “Diante de uma grave crise, candidato, nós mantivemos emprego. Mantivemos salário. E continuamos investindo. No passado, o que acontecia? Vocês cortaram empregos e cortaram salários”, afirmou ela, ao ser questionada sobre escolhas econômicas feitas entre 2011 e 2014.

Salários

O pacotão desta semana derruba mais uma vez o que a presidente defendeu na campanha. Uma das propostas para conter o rombo bilionário no Orçamento atinge justamente os salários dos servidores. A ideia do governo é adiar o aumento do funcionalismo público federal para tentar economizar cerca de R$ 7 bilhões. Em relação à infraestrutura, Dilma, que comemorou os investimentos no debate em 2014, não teria agora argumento para o mesmo discurso. No pacote anunciado, a intenção é cortar os gastos, em prejuízo de obras importantes, inclusive do programa Minha casa, minha vida – adiando o sonho da casa própria de milhões de brasileiros.

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor’s, que tirou do país o grau de investimento, serviu como munição para parlamentares da oposição questionarem as promessas de Dilma durante as eleições e cobrar um mea -culpa do Planalto pela piora dos índices econômicos. “Como todos os brasileiros já perceberam, nós estamos vivendo o caos anunciado. Diferentemente do que diz a presidente, um caos anunciado há muito tempo. A presidente quer passar a impressão de que só soube do agravamento da crise após as eleições. Isso, mais uma vez, não é verdade. Falta com a verdade a presidente da República”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves.

Vaivém da presidente
Contrastes entre o discurso de campanha e os atos de Dilma na crise econômica

ANTES
"O Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que tivemos em anos recentes, mas nem de longe estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que estamos vivendo."

DEPOIS

"Espero uma situação melhor, não tem como garantir que em 2016 vai ser maravilhosa.”

“Fico pensando o que é que podia ser que eu errei. Em ter demorado tanto para perceber que a situação podia ser mais grave do que imaginávamos. E, portanto, talvez tivéssemos de ter começado a fazer uma inflexão antes.”

-2,6% é a queda do Produto Interno Bruto (PIB)

ANTES

“O que acho que fizemos certo foi impedir  o tradicional efeito da crise, que é desempregar, arrochar salário e fazer com que a população pagasse o pato da crise. Impedimos que isso acontecesse. Nós minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira.”

DEPOIS

“Nós temos agora (...) de sustentar toda uma política contra a crise, temos de fazer uma escolha: ajustar o mais rápido possível a economia para voltar a crescer.”

7% é o índice de desemprego

ANTES

“Acho que usam dois pesos e duas medidas para julgar meu governo. Ela (a inflação) não está descontrolada. Ela está no teto da banda (o centro da meta é de 4,5%; o teto da banda, de 6,5%). Vamos ficar nesse teto da banda.”

DEPOIS

“Nós nos preocupamos imensamente com as duas coisas. Primeiro é a queda no emprego. Segundo é a inflação.”

9,5% é o índice esperado para o ano


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