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Estado de Minas TERMÔMETRO DAS RUAS

Protestos deste domingo servirão para definir os próximos passos da oposição e do governo

Manifestações estão marcadas pelo Brasil e no exterior. Em Belo Horizonte, concentração será às 10h, na Praça da Liberdade


postado em 16/08/2015 07:00 / atualizado em 16/08/2015 07:36

Manifestações estão marcadas pelo Brasil e no exterior. Em Belo Horizonte, concentração será às 10h, na Praça da Liberdade(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Manifestações estão marcadas pelo Brasil e no exterior. Em Belo Horizonte, concentração será às 10h, na Praça da Liberdade (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Brasília – Quatro meses depois das últimas passeatas contra o governo, os defensores da saída do PT e da presidente Dilma Rousseff do Planalto prometem lotar hoje as capitais do país para reclamar da corrupção na Petrobras, do ajuste econômico e cobrar o impeachment da presidente. Analistas e políticos admitem que o tamanho das manifestações, marcadas para acontecer em 257 cidades, tornou-se uma incógnita, após o suspiro dado pelo governo nos acordos firmados com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o adiamento dos julgamentos das contas eleitorais da chapa Dilma-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e das pedaladas fiscais pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “Mas também pode ser uma onda avassaladora a incluir Renan e os integrantes dos tribunais ao lado da presidente”, previu o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).


Em março, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas contra Dilma. Em abril, apesar da unanimidade contra o impeachment – algo que não ocorrera no mês anterior –, cerca de 700 mil pessoas protestaram. “Houve um erro estratégico de marcar um grande evento menos de um mês depois do anterior”, explicou o coordenador do MBA de Relações Institucionais do Ibmec/DF, Márcio Coimbra.

Mas e agora? Tempo para preparação houve, a economia continua engessada, a inflação disparou, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu foi preso novamente, desta vez acusado de receber propina no escândalo da Lava-Jato. “Mas o governo se movimentou muito nesta última semana, o que pode reverter o quadro de desgaste”, apontou Coimbra. Ele lembra que dois agentes foram fundamentais neste processo recente: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Lula veio a Brasília duas vezes ao longo da semana. Discursou na abertura da Marcha das Margaridas, acertou os ponteiros com o PMDB e ainda abraçou a causa da educação. Já Renan elaborou uma agenda política e ainda articulou favoravelmente ao Planalto junto ao TCU”, disse o coordenador do Ibmec/DF.

O presidente nacional do PPS e deputado federal Roberto Freire (SP) concorda que o Planalto se movimentou com desenvoltura nos últimos dias. Mas acha que isso é insuficiente para reverter o desânimo com o governo. “Até porque, cá entre nós, o grande artífice desse respiro – Renan Calheiros – também não é alguém muito benquisto nas ruas”, declarou Freire, lembrando que, ao assumir o mandato de presidente do Senado, em 2013, Renan também foi alvo de manifestantes, que chegaram a acampar em frente à residência oficial do peemedebista pedindo sua renúncia do cargo.

Freire destaca que os organizadores dos movimentos estão programando protestos em todas as capitais do país e em diversas cidades de médio porte. “O governo recebeu um oxigênio extra, mas não há muito mais para ser dado de oxigênio. Não há, também, como gerar uma relação direta de causalidade sobre futuro do governo e o tamanho das manifestações”, acredita Freire. “Se fizermos isso, cairemos no seguinte dilema: se as manifestações forem maiores do que as de março, o governo pede o boné no domingo. Caso contrário, ele fica com o boné até 2018. E não é assim”, afirmou o presidente do PPS.

DANÇA Até mesmo a coreografia que viralizou na internet e que foi motivo de chacota entre os petistas e governistas pode ser um diferencial nos protestos de hoje. “A juventude cearense aderiu à dança do impeachment, é uma febre semelhante à do merenga. Eu não danço porque já estou velho para isso, mas acho que vou às ruas neste domingo”, disse o deputado do PMDB.

Ex-líder e um crítico constante do atual governo, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) admite que a situação melhorou. “As pessoas perceberam que a escalada de crise colocava todos em risco, o que não é bom. Gritar ‘fora, Dilma’, ‘fora, Lula’, ‘fora, FHC’ são manifestações políticas. Pedir impeachment, não. É mais sério”, pontuou Chinaglia. O petista aposta que a presidente Dilma, que voltou a conversar com parlamentares ao longo dos últimos dias – o que inclui uma audiência exclusiva com o presidente do Senado – percebeu a necessidade de mudar de postura. “Até porque, com o clima de guerra vivido nesta Casa (Câmara), se abrirem amanhã um processo de impeachment contra a presidente, ele será aprovado e não terá Senado que segure isso”, analisou Chinaglia.

Para Márcio Coimbra, a dúvida é como os manifestantes avaliarão os últimos movimentos do governo. “Alguns podem desanimar por achar que não adianta ir às ruas porque os poderosos já se acertaram por cima. Por outro lado, eventuais desdobramentos da Operação Lava-Jato, que podem envolver Renan e Lula, provavelmente tirarão qualquer possibilidade de sustentabilidade de Dilma Rousseff”, declarou o cientista político.


Em BH, carreata e buzinaço dão o tom da manifestação

Em Belo Horizonte, o “esquenta” para a manifestação, feito ontem com uma concentração na Praça do Papa e uma carreata pelas ruas da capital, deu o tom do que será feito hoje a partir das 10h na Praça da Liberdade. Os manifestantes prometem muito barulho para mostrar sua insatisfação com o governo e com o PT. No estado, estão previstos atos em mais 33 cidades.

Quem passou ontem de manhã pela Avenida Afonso Pena cruzou com dezenas de carros fazendo um buzinaço e chamando a população para ir à Praça da Liberdade. Com os veículos envelopados com faixas e bandeiras do Brasil, além de dizeres nos vidros contra a gestão da petista, o grupo usou um alto-falante para pedir a derrubada da petista, a quem se refere como “bandilma”, “dilmandioca” e “dilma sapiens”. Puxados por um veículo que trazia um caixão do PT com os dizeres “a vaca tossiu e foi para o brejo”, os ocupantes dos carros chamavam a atenção dos motoristas que passavam pela Avenida Afonso Pena e estavam fora do cortejo. O locutor no carro de som usou com ironia uma frase recente de Dilma para falar da expectativa do protesto. “Amanhã é o seguinte: não vamos estipular uma meta, quando atingirmos a meta dobramos a meta”, afirmou.

Desde 9h30 as Mulheres da Inconfidência e os Patriotas se concentraram na Praça do Papa com uma bandeira de 30 metros nas cores do Brasil e outra com a foto da presidente Dilma, com o mote Impeachment Já. Para hoje vai haver também a bandeira de Minas Gerais, com 15 metros, e outros movimentos, como o Vem pra Rua, marcarão presença. “Estamos fazendo um último chamamento, até porque a gente já panfletou muito e chamou todo mundo nas redes sociais”, afirmou a veterinária Regina Lopes, 58 anos, uma das organizadoras, do grupo Mulheres da Inconfidência.

Os participantes do ato não arriscaram um palpite sobre quantas pessoas esperam ver na Praça da Liberdade hoje, mas disseram contar com um número de participantes maior do que o que tiveram em 15 de março. O artista plástico Júlio Hubner, um dos fundadores do grupo Patriotas, disse esperar um grupo mais diversificado. “A gente tem feito um trabalho nas periferias e percebe que as pessoas estão apoiando o movimento. Os dias da Dilma estão contatos”, afirmou.
Na Praça da Liberdade estarão bonecos do juiz Sérgio Moro, grande homenageado, e políticos como Dilma e o governador Fernando Pimentel (PT). O Patriotas prepara cinco barracas temáticas para, segundo o grupo, “levar consciência política” para as pessoas. Uma das ideias que começam a pregar na manifestação é a da desobediência civil. “Vamos plantar essa semente, quanto mais pagamos impostos mais vemos nosso dinheiro financiar obra de infraestrutura em outros países e a corrupção. Por que vamos continuar pagando se a gente não vê a cor do dinheiro?”, afirmou Júlio Hubner.


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