(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Transferências em presídios são feitas sem aviso a parentes

Familiares denunciam esta e outras práticas comuns nas penitenciárias do Estado


postado em 30/11/2014 00:12 / atualizado em 30/11/2014 07:56

Além do constrangimento da revista vexatória, os familiares dos presos enfrentam outras dificuldades para fazer as visitas. Muitas vezes, o preso é transferido sem que a família seja comunicada. “Já aconteceu de eu chegar para visitar e ele ter sido transferido”, diz uma jovem de 38 anos, companheira de um preso detido no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, que preferiu não se identificar. Lá, segundo ela, funciona um scanner corporal, mas ele não dispensa a revista vexatória em caso de visita íntima. “Eu já desisti da visita íntima por causa desse procedimento. É muita humilhação ter suas partes intimas vasculhadas.”

Além disso, existem algumas regras que muitas vezes pegam de surpresa principalmente as novatas. Elas não são as mesmas para todas as unidades prisionais, mas basicamente proíbem roupas curtas e da mesma cor do uniforme dos presos e dos agentes penitenciários. Também não é permitida a entrada de visitantes com sapatos fechados, apenas chinelo de dedo, nem de mulheres usando sutiãs com bojo de arame ou com forro duplo ou reforçado. “Minha irmã foi mastectomizada e passava a maior humilhação na revista, no Ceresp Betim, pois tinha de tirar o sutiã com enchimento que ela usava para disfarçar a perda do seio”, conta A.S.J, moradora de Belo Horizonte, que teve um sobrinho preso.

Quem chega para as visitas com roupas e sapatos proibidos tem de alugar uma peça nas barracas montadas perto dos presídios. Os preços variam de R$ 3 a R$ 10, dependendo do local, e as peças quase sempre são imundas, segundo relatam os visitantes. Nesses locais, também funcionam guarda volumes improvisados em sacos, cujo aluguel custa R$ 3. Um dos administradores desse negócio é Antônio Gomes, 65 anos, que esteve preso durante 27, parte deles na Penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves, por furto e tráfico. Anna Eliza Faleiro, 29 anos, advogada e militante da Pastoral Carcerária, alerta que a manutenção do vinculo familiar é um dos principais caminhos de ressocialização do preso. “A família é fundamental para reintegração, mas ele não pode marchar cadeia com o preso”, diz a jovem, usando uma expressão cunhada nos presídios.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)