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Estado de Minas

Silêncio predomina no Palácio do Planalto depois de nova etapa da Lava Jato


postado em 15/11/2014 06:00 / atualizado em 15/11/2014 07:51

Brasília – Silêncio predominou ontem no núcleo do governo federal após a deflagração da nova etapa da Operação Lava a Jato, responsável pela prisão de mais um ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, e diretores e presidentes de grandes empreiteiras brasileiras. A preocupação, contudo, é crescente. Ninguém no entorno da presidente consegue mensurar os desdobramentos da operação, o que aumenta a angústia nos aliados de Dilma. “Dizer, hoje, o tamanho do estrago no Executivo, no Congresso e no setor privado é puro chute”, resume um interlocutor da presidente.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi informado da operação na noite de quinta-feira, poucas horas depois de ter anunciado a abertura de inquérito contra os delegados que teriam “achincalhado a presidente Dilma e o ex-presidente Lula e declarado o voto em Aécio Neves”. Avisou a presidente, que está em viagem ao G20, na Austrália, e as demais autoridades que permanecem no país, incluindo o vice-presidente Michel Temer.

O que mais incomoda o governo é não ter controle quanto aos desdobramentos das prisões de ontem. As empresas cujos executivos foram detidos ontem não têm contratos apenas com a Petrobras. Atuam em diversas obras licitadas pelo governo federal – algumas até no exterior.
Somado ao episódio de ontem, está o total desconhecimento do Palácio do Planalto quanto ao real teor das delações premiadas feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. As prisões de ontem são decorrentes de parte dos depoimentos que ambos concederam à Justiça Federal, além dos executivos da Toyo Setal.

Mas há uma parte considerável das informações que foi remetida ao Supremo Tribunal Federal, por envolver autoridades com foro privilegiado. Essa parte do inquérito está sob análise do ministro Teori Zavascki, que ainda não informou quando apresentará o relatório sobre o caso.

Pressões
Com as prisões de ontem, as pressões para a apuração do escândalo envolvendo a Petrobras tendem a aumentar. Poucas horas depois de a Polícia Federal ter prendido o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, a oposição acusou o governo de ter blindado o dirigente nesta semana e argumentou que agora “mais do que nunca” a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades na estatal precisa convocá-lo. De acordo com as investigações, Duque seria o operador do PT na Petrobras e a diretoria sob seu comando entre 2003 e 2012 repassaria parte dos contratos para o partido.

“A bancada do governo esvaziou a CPI para impedir a convocação de Duque. Agora mais do que nunca a CPI precisa chamá-lo”, defendeu o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE). “Ele foi preso e isso demonstra que estávamos no caminho certo”, corroborou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é membro da comissão.

Na terça-feira, o presidente da CPI Mista da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou a reunião do colegiado sem colocar em votação os requerimentos para convocar Duque e o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado. A manobra gerou protestos dos oposicionistas, e parlamentares da base reconheceram que, sem a ação de Vital, os requerimentos teriam sido aprovados.

Uma oitiva de Renato Duque agora no colegiado pode produzir poucos resultados. “Ele também pode entrar na delação premiada e acabar impedido de falar o que poderia falar”, diz o deputado Izalci (PSDB-DF), também integrante do colegiado. “Pode ser que ele não fale.” O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delator de um esquema de pagamento de propinas montado na petroleira a partidos políticos aliados do Palácio do Planalto, chegou à comparecer à CPI Mista, mas se manteve em silêncio para não comprometer o acordo acertado com a Justiça Federal.


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