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Estado de Minas

Deputados egressos da PM usam mandato para angariar votos com integrantes da corporação

Deputados Cabo Júlio e Sargento Rodrigues disputam a simpatia de militares propondo em plenário requerimentos para parabenizar policiais por prender ladrões ou apreender drogas


postado em 14/05/2014 00:12 / atualizado em 14/05/2014 07:57


Os responsáveis por manter a ordem e a segurança pública em Minas Gerais vêm tendo uma atuação digna de aplausos – pelo menos na avaliação de dois deputados estaduais egressos da corporação militar. Desde o ano passado, os dois parlamentares que disputam o voto da categoria para se manter nos mandatos, Sargento Rodrigues (PDT) e Cabo Júlio (PMDB), travam uma batalha para ver quem mais parabeniza policiais militares, civis, bombeiros e outros agentes da segurança pelos seus feitos nas ocorrências registradas pelos batalhões mineiros. Ao todo, os dois foram responsáveis por 679 requerimentos de congratulações para este público em 2013 e 2014. Nos dois anos anteriores não foi registrado nenhum pedido desses pelos dois.


Ex-aliados que ascenderam juntos na carreira política, os dois são hoje inimigos brigando pela preferência do mesmo público. Cabo Júlio é autor de 241 requerimentos de congratulações para policiais, somente este ano. Em sua maioria, ele aplaude militares por suas atuações em prisões, apreensões de drogas, repressão de assaltos a banco e outros feitos. Em 2013, o arquivo da Assembleia contabiliza mais 263 registros do peemedebista. Além dos votos de congratulação, ele pede que seja encaminhado ao Comando Geral pedido de recompensas aos militares pelos “relevantes serviços prestados à sociedade”.

Já o deputado Sargento Rodrigues apresentou este ano 67 solicitações de aplausos para policiais, com quatro pedidos de recompensa. Na lista estão congratulações a soldados por apreensões de maconha, prisão de assaltantes, elucidação de casos de explosão de caixas bancários, apreensão de armas e outras ocorrências. Além dos militares, Rodrigues também parabeniza policiais federais e civis. Em 2013, foram 108 requerimentos para aplaudir a atuação dos policiais.

Os requerimentos de aplausos ou congratulações aprovados na Assembleia dão origem a impressos em que o Legislativo registra o reconhecimento pela atuação dos listados. No texto modelo da homenagem é incluído o nome do deputado estadual que a requereu. Não raro, esses “diplomas” são exibidos em quadros pelos que recebem o reconhecimento.

Politicagem

O presidente da Central Única dos Militares Estaduais de Minas Gerais (Cume), sargento Walter Carvalho de Souza Fagundes, explica que ainda não há abertura política para a divulgação de candidaturas da classe nos quartéis. Ele deve levar o assunto ao novo Comando Geral. Para ele, os aplausos concedidos pelos políticos com mandato são “atos politiqueiros”. “Política séria vem ao encontro da necessidade de cada classe, mas respeitando o direito de escolha de cada um”, afirmou. Ele cobra mais organização da categoria como um caminho para aumentar a bancada dos militares.

Segundo Sargento Rodrigues, os aplausos estão previstos no regimento interno da Assembleia e são uma forma de enaltecer trabalhos que saltam aos olhos. “Muitas vezes, a polícia acerta e o poder público e parcela da imprensa não reconhecem tanto. Isso valoriza a atividade policial, eles agradecem e ficam felizes”, justificou o deputado. Rodrigues disse ser pioneiro na apresentação das homenagens, que afirmou fazer somente em casos especiais. “Particularmente, tenho o zelo de procurar fazer uma triagem, porque ocorrências tem milhares todo dia. Busco as de maior complexidade”, afirmou.

Já Cabo Júlio, campeão das indicações, diz que o volume de requerimentos de aplausos aumentou com sua chegada à Assembleia, pois ele tomou a iniciativa de voltar a enviar. “Todo mundo só dá porrada na polícia, verifiquei que a tropa estava desestimulada e começamos a fazer esse trabalho. Agora eles próprios me mandam ocorrências para a gente homenagear”, afirmou Cabo Júlio, que citou como uma das fontes para a escolha os grupos de mensagem no celular. A “recompensa” pedida em seus requerimentos, segundo Cabo Júlio, é dada em forma de pontuação para os policiais, que podem ajudar na hora de uma promoção ou mesmo para amenizar punições internas.

Os dois militares, que concorrem à reeleição este ano, negam qualquer cunho eleitoral nas mensagens. “Sou autor de 40 leis, sendo quatro  delas emendas à Constituição e quatro leis complementares. Fui eu que fiz a negociação salarial das polícias, tenho trabalho prestado, não preciso usar desse artifício”, garantiu Sargento Rodrigues. Já Cabo Júlio disse ter votos suficientes. “É um voto que eu já tenho. Todos os meus votos sempre foram da polícia”, afirmou.

 


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