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Estado de Minas

Dilma nega ter medo de CPI e diz que Brasil vai 'bombar' em 2015

Em jantar com jornalistas mulheres, presidente afirma haver "transparência" na Petrobras, garante que a inflação está controlada e que não se abate por sua queda nas pesquisas


postado em 08/05/2014 00:12 / atualizado em 08/05/2014 07:41

Denise Rothenburg


Brasília – De CPI da Petrobras – “não temo nada” – a inflação – “está sob controle, mas não está tudo bem” – , além de cenários otimistas de “o Brasil vai bombar em 2015”, a presidente Dilma Rousseff falou de tudo um pouco na noite de terça-feira, quando reuniu 10 jornalistas mulheres para jantar no Palácio da Alvorada. Foram pelo menos quatro horas de conversa com direito a um tour  pelo andar térreo do Palácio e uma visita à capela, parada que Dilma incluiu no roteiro para mostrar a restauração. “Eu gosto da capela. Antes da reforma, tinha cheiro de mofo. Não dava para ficar”, comentou a presidente, devota de Nossa Senhora, a única imagem no interior do templo.

Ainda dentro do santuário, alguém solta: “É bom estar com a capela restaurada neste momento difícil, presidente?” Eis que Dilma, já caminhando para voltar ao Palácio, em meio a perguntas  sobre como se sentia em relação à baixa das intenções de votos nela nas pesquisas, responde: “Saiba você que a única pessoa que te derrota é você mesma. Em qualquer circunstância. Eu não me deixo abater”, afirma.

Feitas as fotos na sala de reuniões ao lado da Biblioteca, muitos “selfies” e conversas a respeito de amenidades, maquiagens, perfumes e tinturas de cabelo, o cerimonial avisa que o jantar está servido. Entre as colegas, a preocupação: “Pronto, agora vamos comer e ela vai nos mandar embora sem notícia”. Que nada. A noite estava apenas começando.

Na sala de banquetes, com todos à mesa – além das jornalistas estavam a senadora Gleisi Hoffmann (ex-ministra da Casa Civil) e o ministro da Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, Thomas Trauman –, alguém saca o caderninho de anotações e os temas polêmicos se sucedem. A conversa mais tensa, do dia a dia da política e dos programas governamentais, é entremeada com amenidades e gastronomia. “Faço um bacalhau em camadas que não tem quem não peça para repetir”, diz ela.

Dilma só se recusa a falar de campanha – “Estou na fase pré-candidata e falar sobre campanha agora é crime eleitoral” –, e de troca de ministro. “(Alexandre) Tombini (presidente do Banco Central) na Fazenda?”, quis saber uma das convidadas. “Não cogito nada”, respondeu a presidente. Ela, no entanto, ao longo da conversa, deixou exposta uma divergência com o ministro Guido Mantega, que esta semana mencionou a perspectiva de aumento de imposto: “Não terá aumento de imposto”, afirmou. “Não sei em que contexto ele falou sobre isso”.

Solta e bem-humorada, muito diferente daquela imagem de ríspida e irascível que os políticos costumam vender, a presidente fala do neto Gabriel, de 3 anos e meio, a quem sempre chama de “menino pequeno”. A experiência da Presidência? “Deu-me um convívio com a minha população. Fui em tudo quanto é canto deste país e ainda vou a mais”. Os demais temas espinhosos são respondidos de forma firme, inclusive sobre a CPI da Petrobras.

Investigação
 “Não temo nada de CPI (da Petrobras). Não devo nada. Não tenho temor nenhum. O governo é de absoluta transparência. Não tenho dúvida de que há um componente político nessa CPI”, disse Dilma. Diante das insistentes pergunta sobre se uma CPI atingiria Lula ou ela, Dilma não titubeia: “Sou eu, é? Então, o Sérgio Gabrielli (ex-presidente da estatal) era do governo Lula e eu não? Eu representava o controlador”, diz ela, referindo-se ao período em que se decidiu comprar a refinaria de Pasadena. A presidente expõe, entretanto, sua divergência em relação ao ex-diretor Nestor Cerveró,  que se referiu às cláusulas put option como um padrão comum a todo contrato. “Nem todos são iguais”, afirma ela. “Até onde eu sei, não houve má-fé, pode ter havido um equívoco”, ressalva.

Inflação
Em todas as áreas possíveis, a presidente compara seu governo com o do ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso, e rebate as críticas feitas pelos pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). No quesito inflação, ela foi direta: “Está sob controle, mas não está tudo bem. Tem uma coisa que explica o mau humor: a taxa de crescimento de bens e de serviços”, afirma. “No setor de serviços, não tenho condição de, ao fazer o investimento, obter benefício imediato. Quem me critica esqueceu, mas o estoque de serviços (a executar) é um acúmulo do passado”, diz ela, afirmando  que o governo FHC investiu R$ 1 bilhão em saneamento, enquanto a gestão dela aplicou R$ 37,8 bilhões. Dilma criticou ainda a meta de inflação de 3% proposta por Eduardo Campos:  “Sabe o que isso significa? Desemprego de 8,2%”, disse.

Base aliada
A presidente deixou claro que não dispensará o contato com os partidos aliados a partir de 2015, caso receba mais quatro anos de mandato. “Vocês acreditam que alguém, só por não ser mais candidato à reeleição, pode prescindir das instituições?”, diz, respondendo ainda àqueles que mencionam um conjunto de fatores que pode agravar os problemas econômicos do Brasil no ano que vem. “Vocês acreditam em história da Carochinha?”, questiona.

Discurso
Dilma defendeu seu pronunciamento em 1º de maio e as medidas anunciadas na mesma data, vistos como campanha eleitoral pela oposição.  “Do Bolsa Família vão falar que é eleitoreiro, mas melhoramos em vários anos e não íamos deixar de melhorar este ano. Quem não tem compromisso com os mais pobres acha uma besteira colocar dinheiro no Bolsa Família. A troco de quê não vou reiterar meus compromissos com aqueles que são a base do governo? Não é possível que eu não possa defender o que eu penso. A oposição pode falar o que quiser e eu não posso?”, diz. Nesse ponto, alguém pergunta se ela achou sua postura agressiva no pronunciamento: “Achei que fui meiguíssima!”

Vaias
“Quem falar que gosta de vaia está mentindo, mas isso não vai me impedir de trabalhar”.

“volta Lula”
“Se tem um partido que conviveu com a disputa interna é o PT. E vai conviver pelo resto da vida. (Quanto ao Lula) quem viveu junto, intensamente, todas as horas e dificuldades, tem uma relação política e pessoal que não é passível de ruptura”.
Quanto ao movimento para fazer do ex-presidente candidato: “Nunca falamos sobre isso. Respeito muito o Lula. Tenho certeza (do apoio) dele. Ele está acima dessas questões. Tenho certeza de que o Lula me apoia”.

Mídia
A presidente mencionou, respondendo a uma pergunta, que a “a imprensa brasileira é bastante oposicionista” atualmente. “A gente vai ficando um couro grosso de jacaré ou de tartaruga”, afirmou. A presidenbte foi enfática quando se referiu ao novo marco civil da internet e a propostas de regulação da mídia: “Não tenho a menor vontade de controlar a imprensa. Sou contra qualquer controle de conteúdo da imprensa e da internet. Mas não contra a regulação econômica”, afirmou.

Copa do mundo
A menos de 40 dias do mundial, a presidente contou que seu governo e a Fifa preparam duas ações relativas à segurança e ao combate ao racismo. Quanto à segurança, a ordem é evitar o embarque de torcedores violentos para o Brasil. Aqueles que conseguirem, entretanto, escapar desse filtro, podem ser barrados na entrada. A outra iniciativa, é usar falas antirrascistas em todo os jogos da Copa. “E quem a senhora escalaria, presidente?” “Neymar. Ele é uma unanimidade. Também gosto do Daniel Alves. Ele respondeu bem”, diz ela. O técnico Felipe Scolari, o Felipão, também é elogiado como alguém que tem “liderança, caráter e dignidade”. Quanto à perspectiva de greve da Polícia Federal, a presidente foi direta: “Nunca soube disso.”


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