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Estado de Minas CRISE NO GOVERNO

Seis ministros caíram em 10 meses de governo Dilma

Eles são apenas os primeiros de uma reforma marcada para o início do ano, incluindo os que vão concorrer nas eleições


postado em 27/10/2011 06:00 / atualizado em 27/10/2011 06:35

Brasília – Orlando Silva foi o quinto ministro a cair diante de denúncias de irregularidades em apenas dez meses de governo Dilma Rousseff (PT). Por outro motivo, a presidente perdeu ainda um sexto ministro: Nelson Jobim. Ele deixou o Ministério da Defesa, no início de agosto, depois de dar declarações que causaram desconforto no Palácio do Planalto.Todos os que caíram foram “abençoados” direta ou indiretamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro foi o articulador político Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil em junho, diante de notícias sobre sua evolução patrimonial entre 2006 e 2010. Um mês depois, Alfredo Nascimento deixou o Ministério dos Transportes; em seguida foi a vez de Wagner Rossi pedir demissão do Ministério da Agricultura e da saída do ministro Pedro Novais do Turismo.

A mudança de comando no Ministério do Esporte — a sexta em 10 meses de governo — é apenas mais uma do portfólio de modificações da Esplanada, que deve ocorrer no início do próximo ano. Os alvos preferenciais são as pasta do Trabalho, de Carlos Lupi (PDT), e das Cidades, hoje a cargo de Mário Negromonte (PP), que há tempos não despacha com a presidente Dilma.

Lupi e Negromonte têm algo em comum: não representam mais as respectivas bancadas de seus partidos. Na semana passada, um grupo de pedetistas circulou pelo Congresso reclamando do enfraquecimento da pasta, cada vez mais esvaziada. Lupi, hoje, não comanda mais as negociações com os sindicatos. Tudo isso está a cargo do Palácio do Planalto, mais precisamente nas mãos do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. É ele que os sindicalistas procuram quando querem tratar de algum problema relacionado às centrais.

“Nós estamos com pouca interlocução no governo”, comentava dia desses com um amigo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), conhecido como Paulinho da Força Sindical. Negromonte não sofre do mesmo mal, mas tem outros problemas. Seu partido, dividido, tem lhe puxado o tapete.

Além desses dois, está no rol dos que podem ser substituídos o ministro do Transporte, Paulo Sérgio Passos. A percepção do Planalto sobre o setor é de que as obras estão com ritmo lento desde que Alfredo Nascimento (PR) pediu demissão e voltou ao Senado. Essa área é considerada uma das mais importantes do PAC da Infraestrutura.

A ideia da presidente é aproveitar janeiro para montar uma equipe mais homogênea. Na avaliação de integrantes do Planalto e dos ditos ministros “da casa”, não dá para ficar, por exemplo, com titulares que não tenham o ok de seus partidos. Além disso, também é preciso contemplar aqueles que estão fora, caso do PTB, que há meses pede um lugar no primeiro escalão do governo e até agora não recebeu. O PR também pode voltar, uma vez que o partido, embora se declare independente, não perde a chance de acenar com boa vontade em relação aos pedidos do Planalto.

Legendas

A intenção de Dilma, entretanto, não é buscar ministros que respondam apenas a seus partidos. Ela quer colocar em todos os postos pessoas que possa demitir sem precisar passar pelo constrangimento a que foi exposta esta semana. Ciente dos problemas no Esporte e incomodada com a fraqueza política de  Orlando Silva, Dilma foi pressionada pelo PCdoB, que, desde o primeiro momento, insistiu para que ele ficasse no cargo.

À Exceção de Paulo Sérgio Passos, todos os ministros que Dilma nomeou nos últimos meses foram da sua lavra. No Turismo, Gastão Vieira, embora peemedebista, foi escolhido por ela por ser um professor — o PMDB pretendia nomear o deputado Manoel Júnior (PB). Na Agricultura, Mendes Ribeiro também foi escolha de Dilma, e não o preferido dos peemedebistas. O mesmo ocorreu em abril quando ela trocou Antonio Palocci por Gleisi Hoffmann na Casa Civil, e Luiz Sérgio por Ideli Salvatti nas Relações Institucionais. Aos poucos, em meio às denúncias de corrução, Dilma vai montando a sua equipe, que, entre os partidos e a presidente, fica sempre com a chefe. (Com agências)

 

 

Antonio Palocci
A primeira baixa do governo Dilma veio com a queda do ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, responsável pela articulação política do Planalto, que pediu demissão em 7 de junho, um mês depois da publicação de reportagem segundo a qual ele teve o patrimônio aumentado em 20 vezes entre 2006 e 2010. Ele foi substituído por Gleise Hoffmann (PT-PR). Na ocasião, Ideli Salvatti, que comandava a Pesca, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais, trocando de posto com o então titular da pasta, Luiz Sérgio.

 

Alfredo Nascimento
O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) deixou o cargo em 6 de julho, após denúncias sobre suposto esquema de superfaturamento em obras envolvendo servidores da pasta. Suspeitas de que o filho do ministro teria enriquecido ilicitamente em razão do cargo do pai agravaram a crise. Também foram demitidos diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de transportes (Dnit) e da Valec. Nascimento foi substituído por Paulo Sérgio Passos.

 

Nelson Jobim
O desgaste provocado por uma sucessão de declarações polêmicas sobre o governo e colegas de Esplanada levou à demissão do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, em 4 de agosto, titular da pasta desde o governo Lula. Reportagem publicada na imprensa havia creditado a ele críticas à ministra Ideli Salvatti, a quem teria chamado de “fraquinha”, e a Glesi, de quem teria dito que “nem conhece Brasília”. Antes disso, já havia declarado que votou em José Serra na eleição de 2010. Jobim foi substituído pelo ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

 

Wagner Rossi
O ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi foi o quarto integrante do ministério de Dilma a deixar o governo, em 18 de agosto. Ele argumentou que saiu do cargo a pedido da família. A pasta vinha sendo alvo de denúncias de irregularidades. A gota d’água foi reportagem do Estado de Minas denunciando o uso ilegal, por parte de Rossi e um dos filhos, do avião particular da Ourofino Agronegócios. Ele foi substituído por Mendes Ribeiro, indicado pelo PMDB.

 

Pedro Novais
Titular do Turismo, Pedro Novais, pediu demissão em 14 de setembro, alvo de investigações da Polícia Federal que levaram à prisão seu número 2, Frederico Costa. Saiu da pasta depois de nove meses e uma série de escândalos. A maioria das denúncias diz respeito à nomeação de apadrinhados e uso de verba pública para fins pessoais. Foi substituído por outro peemedebista, o deputado Gastão Vieira, maranhense aliado do presidente do Senado, José Sarney. Novais voltou à Câmara dos Deputados, onde cumpre o sexto mandato consecutivo.


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