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'Como evitar a próxima pandemia': a lista de Bill Gates

Autor do best-seller 'Como evitar um desastre climático' volta às livrarias para falar de erradicação de doenças e a importância de investimentos em ciência


07/10/2022 04:00 - atualizado 07/10/2022 09:36

Eduardo Oliveira

 

Bill Gates
No livro, Bill Gates aponta erros e culpa governos como o dos EUA pelo baixo índice de testagem de pessoas com sintomas de Covid (foto: Leon Neal /afp)
Haverá uma nova pandemia. E isso ocorrerá se governantes e sociedade civil não tomarem atitudes preventivas a partir de agora. Pode parecer sombrio, mas essas são algumas das conclusões de Bill Gates publicadas em seu novo livro, “Como evitar a próxima pandemia”, que chega ao Brasil pela Companhia das Letras.

 

Autor do best-seller “Como evitar um desastre climático”, de 2021, o especialista em tecnologia deixa de lado seu perfil empresário e co-fundador da Microsoft, e ressalta esse caráter de urgência a partir de um ponto de vista filantrópico, como uma das pessoas à frente da Fundação Bill e Melinda Gates, que lida com questões de saúde global, erradicação de doenças e problemas relacionados ao saneamento básico e à higiene.

 

Depois de tanto sofrimento pelo distanciamento social, medo de contaminação, mortes de pessoas próximas ou conhecidas, ansiedade pela imunização, além dos problemas econômicos, falar da possibilidade de surgimento de um novo patógeno pode provocar, no mínimo, uma sensação de cansaço.

 

Mas, para explicar os motivos de sua preocupação, Bill Gates usa uma analogia: quando se trata de pandemias, o mundo é como um prédio equipado com detectores de fumaça que não são sensíveis ou que têm problemas de comunicação entre si. Se houver um incêndio na cozinha, ele pode se espalhar para a sala antes que um número suficiente de  pessoas tome conhecimento. Além disso, o alarme só dispara a cada 100 anos, então é fácil esquecer que o risco existe.

 

Quarto homem mais rico do mundo, de acordo com a Forbes, Gates dedica o livro aos profissionais da linha de frente que arriscaram as próprias vidas para cuidar de outras pessoas, e também aos cientistas e líderes que podem garantir que esses trabalhadores nunca mais precisem fazer isso de novo.

 

“Nem todos agiram da forma correta, é claro. Algumas pessoas se recusaram a usar máscara ou se vacinar. Alguns políticos negaram a gravidade da doença, ignoraram as tentativas de limitar sua propagação e até fizeram insinuações sinistras a respeito das vacinas. É impossível ignorar o impacto que atitudes como essas estão causando em milhões de pessoas, o que só comprova dois velhos clichês políticos: voto é coisa séria, e eleger bons líderes é essencial”, afirma.

 

Cada capítulo do livro tem o objetivo de explicar os passos que devem ser tomados em conjunto por governos, patrocinadores e indústria privada para evitar que a humanidade sofra novamente com doenças como a COVID-19, e, quem sabe, eliminar famílias inteiras de vírus respiratórios, o que poderia significar, até mesmo, o fim da gripe.

 

Observar o que deu certo em lugares com baixa mortalidade provocada pelo novo coronavírus e comparar com aqueles que não tiveram resultado satisfatório pode ser uma das diretrizes, mas é preciso levar em conta, claro, fatores econômicos, geográficos e estruturais. “Qualquer plano de prevenção precisa incluir auxílio aos países de baixa e média renda para melhorar seus sistemas de saúde”, argumenta Bill Gates.

Erros incompreensíveis

Para ele, um dos erros “incompreensíveis” dos Estados Unidos, por exemplo, foi com relação ao baixo índice de testagem de pessoas com sintomas e a falta de um sistema centralizado para registrar os resultados.

 

Com relação a isso, o autor apresenta uma proposta que poderia ter sido aplicada em muitos países: a criação de um site do governo onde qualquer pessoa que suspeitasse estar infectada pudesse responder a algumas perguntas, inclusive sobre fatores de risco, e ser orientada sobre o local mais próximo de sua casa para fazer um teste.

 

Entre outras informações, esse portal daria às autoridades dados sobre as regiões que mais precisariam de recursos e atenção. “Qualquer empresa de software faria isso em pouco tempo. A Microsoft teria feito de graça”, ressalta.

 

De um modo geral, explica Gates, o mundo reagiu à COVID de maneira mais rápida e eficaz do que a qualquer outra doença na história, mas muitos problemas ainda precisam ser resolvidos. Por isso, em termos globais, ele defende a criação de um grande grupo de especialistas cujo trabalho, em tempo integral, seja ajudar a evitar novos surtos.

 

Essa equipe teria autonomia para declarar uma pandemia, e trabalharia em conjunto com governos nacionais e o Banco Mundial, com o objetivo de arrecadar dinheiro para reagir com prontidão. No caso de países que precisem de suporte, a organização custearia ou “emprestaria” profissionais e especialistas em saúde pública. Mas o objetivo seria apoiar, não suplantar, a expertise local.

 

Outro aspecto levantado em “Como evitar a próxima pandemia” diz respeito à necessidade de inovação do tratamento de doenças virais. Como vimos, infelizmente, nem todos que foram convocados tomaram a vacina, e existem os “casos de escape”, quando pessoas vacinadas ficam doentes.

 

Por isso, com a possibilidade de surgimento de uma variante, precisamos ter acesso a medicamentos até que a vacina seja ajustada. Junto com as intervenções não farmacêuticas, como o isolamento social, a terapêutica pode reduzir a pressão sobre os hospitais.

 

“Essa opção é muito promissora para salvar vidas e impedir que futuros surtos prejudiquem o sistema de saúde. [...] Se alcançarmos essa meta, minimizaremos casos e salvaremos milhões de vidas”.

 

Nos últimos dois anos, tivemos que usar máscaras, higienizar as mãos com frequência, cumprimentar as pessoas com o cotovelo e, claro, evitar aglomerações.

 

Alguns adotaram medidas ainda mais cautelosas, como lavar as embalagens de compras ou deixar roupas e sapatos do lado de fora. Com o avanço das pesquisas, alguns desses hábitos foram abandonados, mas, sobre isso, Bill Gates cita uma frase do médico norte-americano Tony Fauci, especialista em doenças infecciosas:

 

“Se parecer que você está exagerando, é provável que esteja fazendo a coisa certa”. É com essa perspectiva de atenção redobrada, destaca, enquanto os horrores da COVID estão frescos na memória, que devemos nos preparar, agora, para a próxima pandemia.

Trecho 

“O objetivo deve ser o desenvolvimento de vacinas que nos protejam por completo contra famílias inteiras de vírus, sobretudo daqueles que atacam o sistema respiratório – essa é a chave para a erradicação dos coronavírus e do vírus da gripe. Todos os atores envolvidos na pesquisa e no desenvolvimento de vacinas – patrocinadores governamentais e filantrópicos, pesquisadores de universidades, empresas de biotecnologia e fabricantes e desenvolvedores de produtos farmacêuticos – têm de contribuir para a identificação das melhores ideias preliminares e a criação das condições para que estas se tornem viáveis na prática.”

 

livro
(foto: Reprodução)
 

 

“Como evitar a próxima pandemia”

 

  • De Bill Gates
  • Tradução de Claudio Marcondes e Pedro Maia Soares
  • Companhia das Letras
  • 344 páginas
  • R$ 74,90 (livro) e R$ 39,90 (e-book) 

 


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