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Estado de Minas

Entrevista/Gustavo Penna, arquiteto


postado em 18/01/2019 05:04

Responsável por várias obras de grande importância para a história cultural de Minas Gerais, Gustavo Penna é um dos arquitetos mais premiados do Brasil e assina projetos de referência na capital. A Escola Guignard, a Academia Mineira de Letras e, mais recentemente, o Ateliê da Cervejaria Wäls. Em entrevista ao Estado de Minas, ele fala sobre a identidade de Belo Horizonte, como pensar a cidade e seu ideal de “generoscidade”.

Como o ideário de modernidade ajudou a construir a identidade belo-horizontina?
Sempre fomos invadidos pelas estéticas de fora. Desde o período colonial, por exemplo, quando recebemos a arquitetura barroca portuguesa. Com o modernismo chegando, no Estado Novo, propunha-se a substituição do antigo pelo novo. Nesse momento, fomos modernistas e começamos a inventar, com influência europeia, que se transformou em um olhar tropical para a arquitetura. O modernismo, no Brasil, é mais potente do que em qualquer lugar da Europa. Em BH, nosso espírito é moderno. O conjunto arquitetônico da Pampulha é de 1940 e, ainda sim, é a coisa mais extraordinária que a capital tem. Porém, hoje precisamos rememorar o que o modernismo deixou de cerceador e refletir sobre aquilo que foi libertário.

Como o senhor enxerga a práxis de destruição do patrimônio em Belo Horizonte?
É cultural. Temos uma cidade muito jovem, artificial e as pessoas que vieram morar em Belo Horizonte gostavam da sua cidade. Vieram quase que por obrigação. Não ensinaram seus filhos a amar esses símbolos. Sou filho de mãe e pai belo-horizontinos, coisa rara para pessoas da minha geração. Minha mãe me ensinou a amar a cidade por uma questão de cultura e identificação. Hoje, temos uma certa noção do que nos diferencia das outras cidades em uma escala simbólica, dos ícones construídos. A nossa cidade, para poder crescer, destruiu coisas belas. O maior exemplo de convivência é uma ponte, costumo dizer, porque ela passa por cima do obstáculo sem ignorá-lo ou destruí-lo. Nesse sentido, precisa-se de uma postura ética em relação ao valor do passado e o valor do presente.

Como se deve pensar a cidade?
A cidade não é uma coisa parada, mas dinâmica. É igual a uma família, pessoas vão, mas valores identificados como importantes, simbólicos devem ser preservados e valorizados. Todas as ações devem ser levadas com compromisso, que não são coisas episódicas feitas para os superficiais baterem palma, mas para a beleza profunda. Inventei um termo que é a “generoscidade”, que é uma cidade generosa, feita para sempre, de inserir na cena urbana a durabilidade desse bem – que é replicada em outros lugares. É preciso convidar as pessoas a não fazer um gesto que gere simpatia, mas transformação.


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