Múcio Batista de Souza
Belo Horizonte
“Volta e meia, a mídia, tanto a escrita quanto a televisiva, aborda o duplo assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, que ainda não foi elucidado, apesar do esforço da polícia civil do Rio de Janeiro e da Polícia Federal, que está colaborando nas investigações. Diversos suspeitos já foram interrogados e ainda não se tem certeza do autor, ou autores, dos disparos nem do mandante/mandantes de tamanha atrocidade. Em fins do ano passado, em um transporte público urbano, ouvi (sem a intenção de fazê-lo), conversa de três jovens (concluí pelos tons das vozes) acerca da demora da polícia em elucidar tal ocorrência criminosa, tendo uma delas afirmado clara e categoricamente: 'isso, com certeza absoluta, é crime passional. Aquela vereadora deixou uma viúva, que, com certeza, não gostou de saber que sua companheira poderia estar tendo um caso com seu motorista, aliás, um belo rapaz...'. Ora, quando por motivação política, muitos homicídios são fáceis e rapidamente esclarecidos. Outros, nem tanto, como o caso do prefeito Celso Daniel, para ficar somente neste caso. Embora crimes passionais ocorram constantemente, geralmente, a polícia consegue desvendar rapidamente o mistério, pois as relações entre homens/mulheres, quando se deterioram, sempre um parente, um amigo/a, ou mesmo um vizinho têm conhecimento dos atritos que vêm num crescendo até atingirem o clímax, o momento do crime, quando, quase sempre, a mulher é a vítima, por ser ela o lado fraco (fisicamente) da relação. Mas, quando relacionamentos homoafetivos entram em conflito (sejam quais forem os gêneros relacionados), e dada a natureza humana, pode ocorrer desfechos de consequências inimagináveis e inacreditáveis. Um assassinato, qualquer que seja a motivação, em princípio, é classificado como homicídio doloso. Quando a vítima é uma mulher, tal delito, hoje, pode ser denominado feminicídio. Mas, voltando ao assassinato de Marielle e seu motorista Anderson, ocorrido há quase dois anos, a sociedade espera que o caso seja esclarecido o mais rapidamente possível.”