Fabio Mendes Botelho Filho
Belo Horizonte
“Aproximadamente, 2 bilhões de crianças não têm acesso a cirurgias no mundo, apesar de 50% da população dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos serem de pessoas menores de 15 anos. No Brasil, nas últimas décadas, a principal causa de morte e sequelas em crianças são doenças cirúrgicas que podem ser prevenidas e/ou curadas. Ainda existem falsos mitos: que as doenças mais prevalentes seriam as doenças infecciosas, que as doenças cirúrgicas são complexas e que são de tratamento caro. Mas, não. Todos esses mitos são falsos. A maioria das doenças que impactam na vida da criança, hoje, são cirúrgicas. Elas estão relacionadas ao trauma, anomalias congênitas e tumores infantis. Aquelas que não podem ser prevenidas, exigem pouco recurso tecnológico e financeiro para ser tratadas, em sua maioria. Isso significa que os investimentos em cirurgia promovem crescimento econômico. Um recém-nascido que recebe tratamento adequado, por exemplo, para pé torto congênito, se beneficiará da cirurgia por mais de 70 anos, será economicamente ativo, poupará recursos do Estado, além de permitir à sua família também trabalhar. Ter esse espaço no Fórum Econômico Mundial de Davos, realizado na semana passada, representa, portanto, uma vitória. Só em Minas Gerais, estima-se que 2 milhões de crianças precisarão de um atendimento para uma doença cirúrgica. Temos recursos humanos suficientes, e estrutura hospitalar próxima do desejado. No entanto, nossa fila de pacientes aguardando cirurgia pediátrica é longa, sendo centenas os pacientes. Devemos aproveitar os exemplos que estão ocorrendo no mundo para melhorar a nossa realidade.”