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Estado de Minas EDITORIAL

Bater em mulher é mau negócio

No Brasil, uma mulher é agredida a cada quatro minutos. Em 2018, foram registrados quase 150 mil casos


postado em 21/12/2019 04:00


Houve tempo em que bater em mulher era tão banal que não merecia referência na imprensa. Não era sequer notícia, condição indispensável para figurar nas páginas de jornais, na programação do rádio ou no noticiário da tevê. Surras e espancamentos ocorriam entre quatro paredes – território particular inviolável por estranhos.
 
Mas a fila andou. O que antes era naturalizado ganhou a rejeição da sociedade. Exemplo recente é o de Milena Bemfica, que passava férias com a família em Orlando, nos Estados Unidos. Mulher do goleiro Jean, do São Paulo, ela levou oito socos na cara diante das duas filhas.
 
Com o rosto desfigurado, gravou um vídeo e o divulgou na internet. Em minutos, a polícia prendeu o marido. Libertou-o no dia seguinte. Mas ele continuará a ser processado na Flórida pelo crime de violência doméstica. Jean terá de manter distância da mulher e só poderá ver as filhas com supervisão de terceiros.
 
O fato repercutiu na mídia nacional e estrangeira. O São Paulo se manifestou em nota oficial. Anunciou que vai rescindir o contrato com o jogador tão logo terminem as férias do atleta. Trata-se de punição inédita. Ocorrências anteriores registradas no futebol não passaram de inquérito policial, “casos de polícia”. Os jogadores continuaram a brilhar no campo.
 
Em 2013, o ídolo do Palmeiras Dudu agrediu a mulher e a sogra. Foi condenado pela Justiça de Goiás. Quatro anos depois, Robinho, condenado por estupro na Itália, entrou em campo uma semana depois defendendo as cores do Atlético Mineiro. O goleiro Bruno, que assassinou a ex-namorada, recebeu propostas de clubes para voltar ao futebol tão logo teve direito ao regime semiaberto.
 
Espera-se que punição como a anunciada pelo clube paulista iniba candidatos a reforçar a história da violência contra a mulher. O esporte – sobretudo o futebol no Brasil – tem o poder de mover multidões em processos de mudança de comportamento. Jean, que acusou Milena pelas consequências de tê-lo denunciado, transferiu a culpa para a mulher: “Você acabou com a minha carreira. Suas filhas vão passar fome”. Falso. O atleta foi punido não por ter sido denunciado, mas por ter batido.
 
No Brasil, uma mulher é agredida a cada quatro minutos. Em 2018, foram registrados quase 150 mil casos. Impõe-se denunciar. Impõe-se punir. Impõe-se educar meninos e meninas para que não reproduzam o paradigma brutal que os cerca. Igreja, escola, mídia, Estado, clubes sociais têm que levar avante campanhas para prevenir as agressões.
 
Trata-se de tarefa hercúlea. A violência contra representantes do sexo feminino se espraia pelos cinco continentes desde tempos imemoriais. Independe de classe social, grau de escolaridade, status social. Mas chegou a hora de mudar. Jean e Milena servem de exemplo. 
 

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