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Estado de Minas editorial

O desperdício e a fome

O brasileiro descarta anualmente, em média, 60 quilos de alimentos bons para o consumo


23/06/2023 04:00
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A alimentação é um grave problema que precisa ser visto com mais atenção no Brasil por todos os agentes sociais. Um estudo recente mostra que mais de 90% do desperdício alimentar ocorre na cadeia produtiva, ou seja, apenas 4% das empresas do ramo alimentício entrevistadas nunca descartam alimentos, reaproveitando-os de maneira correta. Entre os 96% que afirmaram descartar comida, mais da metade (54%) dizem fazer isso sempre ou frequentemente. 

Os dados integram o estudo “O alimento que jogamos fora – causas, consequências e soluções para uma prática insustentável”, realizado pela MindMiners, em parceria com a Nestlé. O levantamento mostra que empresas e população precisam repensar suas atitudes. No caso da população, embora acredite que é a maior responsável no combate ao desperdício, apenas 10% dos descartes ocorrem de fato dentro de casa. 

E o problema não é somente no Brasil. Cerca de 30% da produção global de alimentos é desperdiçada ou perdida anualmente, o que equivale a aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). E o contraponto é quando consideramos as milhares de pessoas que sofrem de fome ou de insegurança alimentar –  termo utilizado para designar uma situação em que a população de um país ou região não tem acesso físico, social e econômico a recursos e alimentos nutritivos –; somente no Brasil 33 milhões de pessoas vivem nessas condições. 

Se pensarmos que o país está entre os 10 que mais desperdiçam alimentos no mundo, entre os quais mais de R$ 1,3 bilhão em frutas, legumes e verduras (que vão para o lixo dos supermercados todos os anos), o problema está longe de ser resolvido em apenas uma tacada. 

Pensemos em um brasileiro comum: ele descarta, em média, 60 quilos de alimentos bons para o consumo anualmente. Em famílias de três ou quatro pessoas, esse montante pode chegar a 240 quilos, o que dirá uma empresa com 500 empregados. 

Outro dado que merece atenção é que 50% do desperdício de alimentos ocorre durante o manuseio e o transporte, ou seja, com simples medidas como o cuidado, armazenamento e condução desses produtos, por parte das empresas, é possível reduzir, ainda que não seja pela metade, boa parte do descarte de frutas, legumes e verduras. 

Além disso, as empresas têm um grande potencial educativo, podendo compartilhar informações com os colaboradores, fornecedores e com a população. Entre as medidas já adotadas pelas empresas, 47% afirmam que fazem um rigoroso controle de estoque. No  entanto, 64% dos entrevistados não conseguiram, de maneira espontânea, associar marcas ao combate do desperdício de alimentos.

Fato é que ações como parcerias com entidades filantrópicas e organizações não-governamentais podem contribuir, e muito, para, de um lado, minimizar o desperdício com o aproveitamento do que seria descartado e, do outro, para a redução da fome e dos níveis de insegurança alimentar. Não é tão difícil assim criar uma rede de doações. O que falta é boa vontade.


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