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Estado de Minas editorial

Alerta de futuro inóspito

É preciso uma mudança drástica agora. Não há mais tempo para painéis, conferências, debates, encontros e mesas-redondas


27/03/2023 04:00

Escrito em 2017 pelo jornalista norte-americano David Wallace-Wells, o livro "A Terra inabitável: uma história do futuro" fala sobre os desafios que o mundo enfrenta por causa da mudança climática. O trabalho começa com um alerta: "É pior, muito pior do que você imagina".

O aviso alarmante segue mais válido do que nunca. Na semana passada, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório que detalha a gravidade da situação que o planeta já enfrenta. Com 93 autores – incluindo duas cientistas brasileiras, a vice-presidente do IPCC, Thelma Krug, e a revisora Mercedes Bustamante –, o documento é enfático ao afirmar que a situação é crítica e que os governos precisam agir imediatamente.

Segundo o IPCC, a previsão é que o mundo atinja a marca de 1,5ºC de aumento médio da temperatura global já em 2030, ou seja, daqui a apenas sete anos. Importante ressaltar que ficar abaixo deste número era a meta dos Acordos de Paris, assinados em 2015. Ou seja, o mundo avança muito rapidamente para o que já era considerada uma situação limite, com um cenário catastrófico. Com o aumento de 1,5ºC, ecossistemas sensíveis, como os polos, geleiras e costas oceânicas já vão ser terrivelmente impactados.

O problema, segundo o IPCC, é que, se nenhuma atitude séria for tomada, o mundo ultrapassará este índice com folga na próxima década. E, a partir daí, o futuro começa a se assemelhar às séries e filmes pós-apocalípticos que fazem sucesso nos dias de hoje. Acima de 1,5ºC, regiões equatoriais e tropicais – o que inclui boa parte do Brasil – podem simplesmente se tornar inabitáveis por causa do calor intenso e constante. Eventos climáticos extremos, como o temporal que atingiu o litoral norte de São Paulo em fevereiro ou o que devastou Petrópolis (RJ) no ano passado seriam cada vez mais frequentes. Já o degelo de parte das calotas polares provocaria ainda a elevação do nível do mar.

Esta combinação de fatores deve levar a ondas migratórias intensas, na casa dos bilhões, de pessoas em busca de lugares habitáveis, gerando assim uma das maiores – se não a maior – crises humanitárias da história. E claro: os países mais pobres do mundo, que respondem por apenas 15% das emissões de carbono, são os mais vulneráveis.

Para evitar o pior, o IPCC avisa: é preciso uma mudança drástica agora. Não há mais tempo para painéis, conferências, debates, encontros e mesas-redondas. A produção e o consumo de combustíveis fósseis, como o carvão, devem cessar imediatamente, e uma transição rumo a fontes de energia renováveis deve ser tratada como prioridade, principalmente nos países ricos do Norte global, responsáveis por mais de 45% das emissões globais dos gases do efeito estufa.

Não falta dinheiro para isso. O investimento anual dos governos para mitigar este cenário precisa ser de três a seis vezes maior do que é hoje, verba que pode vir de investimentos e incentivos que hoje são dados justamente para as indústrias que causam o problema. A dificuldade é, justamente, uma falta generalizada de vontade política e econômica que permitam que a transição rumo a um modelo mais sustentável seja tomada. Resta esperar que surjam líderes com coragem o suficiente para tentar resolver a situação. Ainda há tempo, mas a atitude precisa vir rápido.


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