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Estado de Minas Editorial

Bravatas não derrubam taxas de juros


08/02/2023 04:00

A taxa de juros alta tem o lado positivo de atrair investidores externos, mas, por outro, eleva a dívida pública e estrangula financeiramente empresas e cidadãos, que convivem ainda com a alta dos preços, o que, em tese, os juros deveriam combater. A pressão de políticos e governantes sobre o presidente do Banco Central é mais discurso do que prática efetiva para criar condições para que o custo do dinheiro comece a efetivamente cair. Com a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, patamar no qual está desde agosto do ano passado, o Brasil tem a maior taxa de juro real, quando é descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, e a segunda maior taxa nominal, perdendo apenas para a Argentina, com juro de 75% ao ano.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve a Selic, o vice-presidente Geraldo Alckmin questionou o juro básico fixado no Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem fazendo o mesmo questionamento desde meados de janeiro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda adota a postura de um candidato ao afirmar que a taxa de juros no Brasil a 13,75% é uma vergonha e não se justifica. Em lugar de entoar uma cantilena contra as taxas de juros – o que todo brasileiro faz por não ter outra opção –, o presidente e seus ministros devem focar em ações que permitam aos investidores vislumbrar, efetivamente, a intenção de conter gastos e manter o equilíbrio das contas públicas.

Com os gastos extrapolando o teto fixado em lei para controlar as despesas do governo, nos últimos anos e em 2023, por meio de emendas constitucionais, o governo promete estabelecer um novo parâmetro de estabilidade fiscal que garanta o controle da dívida pública, impedindo a possibilidade de que ela cresça com o aumento de gastos acima da receita orçamentária de forma continuada. A promessa do governo é que esse novo arcabouço fiscal será enviado ao Congresso para aprovação no primeiro semestre. Qualquer que seja ele, apenas com a perspectiva de se equilibrarem receitas e despesas de forma sustentável, é que o governo dará a previsibilidade tão propalada na campanha eleitoral por Lula. Até que isso ocorra, sobra desconfiança entre empresários e investidores.

As falas do presidente e seus auxiliares ao contrário do desejado – redução das taxas de juros – têm resultado em efeito inverso, com os analistas ouvidos pelo Banco Central elevando as projeções para a inflação, o que pressiona as taxas de juros. Na segunda-feira (6 de fevereiro), as projeções para o IPCA este ano foram elevadas de 5,74% para 5,78%, acima do teto da meta fixada para este ano, de 3,25%, com 1,5 ponto para menos (1,75%) ou para mais (4,75%). Para 2024, a previsão é de um IPCA de 3,5%, o que fica dentro do intervalo, mas está acima do centro da meta, que é de 3%. É essa a taxa que o Banco Central persegue ao manter os juros no patamar mais alto desde o início de 2017.

Analistas acreditam que o efeito da desaceleração da economia por causa das altas taxas de juros ocorra ainda este ano, levando a inflação de 2024 a convergir para o centro da meta, o que permitirá ao Banco Central iniciar o processo de redução das taxas de juros a partir do segundo semestre, com a Selic terminando o ano em 12,5%. Ainda assim, o Brasil continuará com uma das mais altas taxas de juro real do mundo, e não resolverão discursos condenatórios da política monetária. Rompantes e arroubos não reduzem taxas de juros.


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