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Comércio global

O Brasil é grande potência na área do agronegócio. Urge voltarmos ao tempo da diplomacia econômica em favor do crescimento do nosso país


04/09/2022 04:00 - atualizado 03/09/2022 19:53

Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ


Valho-me de Jason Douglas e Stella Yifan Xie (Dow Jones Newswires) a seguir. Apesar dos esforços dos EUA e da Europa de reduzirem a dependência das fábricas chinesas, a China consolidou sua posição de maior fornecedora global de bens manufaturados.

Isso mostra a complexidade de “desconectar” o maior chão de fábrica do mundo. Isso porque as fábricas chinesas estendem seu alcance para produtos de ponta, como chips e smartphones, e novas tecnologias, como carros elétricos e energia verde.

Os EUA e alguns de seus aliados estão mais preocupados com sua dependência da China, considerando questões que vão da segurança nacional à fragilidade das cadeias de suprimentos globais. A China rejeita essas preocupações, mas tem seus próprios motivos para reduzir sua dependência excessiva dos mercados ocidentais. Pequim quer aumentar o consumo interno para impulsionar sua economia a novos patamares.

Por enquanto, o boom das exportações chinesas pode fornecer uma sustentação de curto prazo para o crescimento, diante da política de tolerância zero contra a COVID-19 e os efeitos da crise no importante setor imobiliário.

A participação da China nas exportações globais de bens em valor aumentou durante a pandemia, para 15% no fim de 2021, segundo a agência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que acompanha o comércio global, com dados e análises pontuais.

A participação dos principais concorrentes chineses nas exportações globais encolheu no mesmo período, sugerindo que os ganhos da China ocorreram às custas de outros. A participação da Alemanha caiu para 7,3% em 2021, de 7,8% em 2019; a do Japão encolheu de 3,7% para 3,4%; e a dos EUA diminuiu de 8,6% para 7,9%.

A rápida recuperação da China do choque inicial da COVID-19 em 2020 deu a suas fábricas uma vantagem para atender à súbita alta demanda de bens do Ocidente: de equipamentos médicos de baixo custo – máscaras faciais e kits de teste – a bens de consumo, como periféricos de computador e equipamentos de ginástica, com os lockdowns levando muitos nos EUA e na Europa a trabalhar em casa.

A ajuda generosa de muitos governos de países avançados para os trabalhadores durante a pandemia turbinou ainda mais os gastos no Ocidente. As fábricas chinesas foram inundadas com pedidos e a participação da China nas exportações aumentou. Isso é indubitável! A fatia da China nas exportações globais de eletrônicos, por exemplo, aumentou para 42% em 2021, de 38% em 2019, enquanto sua participação nas exportações de têxteis aumentou de 32% para 34%, segundo dados da Unctad.

O boom das exportações da China continuou em 2022, desafiando as expectativas dos economistas de desaceleração, com a economia global enfrentando inflação crescente, taxas de juros em elevação e a guerra na Ucrânia.

Parte da explicação são os preços. A inflação elevou o custo dos bens de consumo, de modo que o valor em dólar das exportações chinesas aumentou. O valor das exportações chinesas em junho foi 22% superior ao do ano anterior, segundo a Administração Geral das Alfândegas da China.
Em termos de volume, o aumento foi de apenas 5,5%. Ainda assim, a demanda externa por produtos chineses se manteve melhor do que muitos economistas esperavam, principalmente dos EUA, da Europa e de vizinhos da China na Ásia. Mas esse aumento é colossal.

O déficit comercial dos EUA com a China nos primeiros seis meses de 2022 aumentou 21% ao ano, para US$ 222 bilhões, segundo dados do Departamento do Comércio americano.

Além disso, nos últimos anos, a China aumentou sua participação de mercado em produtos manufaturados sofisticados e de maior valor, como bens de capital, veículos, motores e máquinas pesadas. A China está consumindo a fatia de mercado de exportação de países como a Alemanha, que tradicionalmente se destacam na fabricação e exportação de tais produtos, disse Rory Green, da Lombard.

Ajudadas por Pequim, as fábricas chinesas também estão conquistando nichos em setores mais novos que devem se tornar uma fatia maior do comércio global nos próximos anos, como placas fotovoltaicas e energia eólica.

Ao que tudo indica, a recente viagem de Nancy Pelosi a Taiwan só fez a China continental aumentar suas fábricas de materiais bélicos, e uma sensação de que beliscá-los sem o motivo plausível em nada ajuda a Otan, apática em socorrer a Ucrânia em face da invasão preventiva da Rússia, interessada em resguardar suas fronteiras ao Sul (1.100 quilômetros de linhas secas).

Seja lá como for, há um declínio americano na região do Indo-Pacífico em pleno século 21 d.c. Noutra ocasião, me referi ao papel que o Brasil deve ter na região do Indo-pacífico. É que o Brasil é grande potência na área do agronegócio. Urge voltarmos ao tempo da diplomacia econômica em favor do crescimento do nosso país, deixando de lado, por sua inoperância, a “ideologização” da economia e a “politização das fés religiosas”. Negócios são negócios! Religar a diplomacia econômica é mais do que urgente. É vital!


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