Coronel PM Tarcimara Moreira da Silva
Médica e diretora do Departamento dos Militares de Saúde, da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (AOPMBM)
Talvez você não esteja gripado, mas com certeza conhece uma ou mais pessoas que estejam. Não é impressão sua ouvir uma “sinfonia” de tosse, espirros e vozes mais anasaladas em adultos e crianças. Realmente, a mudança climática, nos períodos de outono e inverno, propicia um aumento das infecções respiratórias. Somado a isso, segundo o Boletim InfoGripe Fiocruz, divulgado na última quarta-feira (1º/6), a COVID-19 já responde por 59,6% dos casos da síndrome respiratória aguda, com identificação viral nas últimas quatro semanas, mantendo tendência de aumento.
Segundo a atualização, 20 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, inclusive Minas Gerais. Já entre as capitais, 19 das 27 apresentam crescimento também de longo prazo, e Belo Horizonte está entre elas.
Na sexta-feira (3/6), foi publicada, por meio de portaria no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de voltar a recomendar que locais de espera e filas sejam organizados de forma a respeitar o distanciamento, restringir o uso de elevadores para 75% da capacidade, além do uso de máscara em locais fechados, entre outras medidas, em função do constante aumento do número de casos na capital mineira.
Em nível nacional, o cenário atual aponta que os casos notificados de síndrome respiratória aguda, independentemente de presença de febre, encontram-se com sinal forte de crescimento nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Ou seja, não sentir ou sentir febre não pode ser considerado um indicador que você tem ou não COVID. O melhor é procurar atendimento médico e realizar um teste para a detecção e tratamento.
O Boletim InfoGripe Fiocruz apontou ainda, a manutenção – em crianças de até 4 anos – do predomínio do vírus sincicial respiratório (VSR), seguido dos casos de COVID-19, rinovírus e metapneumovírus. O VSR é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas, transmitido pelas secreções do nariz ou da boca, e que se manifesta com coriza, obstrução nasal, espirros, tosse e febre na grande maioria das vezes.
Alguns sintomas do VSR são semelhantes aos da COVID-19 em crianças, mas essa geralmente se manifesta também por dores musculares ou no corpo, dor de cabeça, perda de paladar ou do olfato, dor de garganta, diarreia, náuseas e vômitos, dor abdominal e erupções na pele. Observando esses sinais de agravamento, leve a criança ao serviço médico para tratamento adequado.
É importante também lembrar que as crianças e os adolescentes precisam continuar a receber as outras vacinas de rotina, além das que têm sido aprovadas contra a COVID-19 para o uso nas faixas etárias mais novas. Entre as crianças de 5 a 11 anos em Minas, segundo dados do sistema oficial do Ministério da Saúde, o OpenDataSUS, até 26 de maio, a cobertura vacinal estava em 70% para primeira dose e 35% para segunda dose, em uma população estimada de 1.870.098 crianças.
E mesmo com a vacina, a recomendação é sempre válida: mantenha o distanciamento social sempre que possível, use máscara e álcool.