Gustav Specht
Analista ambiental da Vale e especialista em abelhas nativas
Como alertava o físico teórico alemão Albert Einstein, “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora; sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana” (citação do livro “Não deixem morrer as abelhas” – Capítulo 25). O “alerta” mais do que nunca segue válido, uma vez que as abelhas são fundamentais para o planeta e o equilíbrio dos ecossistemas.
A polinização realizada pelas abelhas tem sua importância reconhecida tanto no âmbito agrícola quanto para a manutenção da biodiversidade, pela Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que está diretamente ligada à Organização das Nações Unidas, sendo um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente. Graças ao seu trabalho de coleta de pólen e néctar, voando de flor em flor, as abelhas polinizam as flores e promovem a sua reprodução. Os frutos gerados a partir da polinização são consumidos por espécies da fauna local, que ajudam na dispersão das sementes e, consequentemente, na restauração das áreas degradadas. Nesse cenário, destaca-se que aproximadamente dois terços dos alimentos consumidos pela população mundial são produzidos com a ajuda da polinização das abelhas.
A Semana Nacional do Meio Ambiente, celebrada entre os dias 31/5 e 5/6, quando também é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6), tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de preservar a fauna e a flora dos diferentes tipos de ecossistemas.
Assim, buscando essa conscientização, em Brumadinho já foram identificadas 25 espécies de abelhas sem ferrão – das cerca de 200 espécies de abelhas sem ferrão existentes no Brasil. As espécies mais conhecidas, como a jataí, mandaçaia, manduri, a mandaguari e a uruçu, geralmente constroem seus ninhos em cavidades existentes em troncos de árvores. Outras espécies utilizam formigueiros e cupinzeiros abandonados ou constroem ninhos aéreos presos a galhos ou paredes. As colônias de abelhas nativas brasileiras variam entre 500 a 4 mil indivíduos, de acordo com a espécie.
As abelhas nativas sem ferrão existentes nas áreas atingidas pelo rompimento da Barragem B1 e áreas de obra em Brumadinho estão sendo catalogadas, monitoradas e reinseridas pela equipe de biólogos da Vale, em Brumadinho. Até o momento, mais de 500 colmeias nativas já foram catalogadas, e 70 já foram resgatadas e realocadas para outras áreas florestais ou, temporariamente, para o meliponário estabelecido pela empresa.
A ação foi iniciada ainda em 2019 e faz parte de um acordo firmado entre a Vale e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Brumadinho para a preservação das espécies que auxiliarão na polinização, e, consequentemente, no reflorestamento da região de Brumadinho. Importante destacar que as ações de identificação e resgate das colmeias na região estão seguindo as diretrizes impostas pela Lei Municipal 2.355, de 22 de setembro de 2017.