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Estado de Minas editorial

Tortura em praça pública

O caso, hediondo, merece punição exemplar, e que a família de Genivaldo seja amparada pela lei


28/05/2022 04:00

O Brasil assistiu, estarrecido, ao assassinato de Genivaldo de Jesus Santos por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Parado em uma blitz na cidade de Umbaúba, interior do Sergipe, por estar dirigindo uma moto sem capacete, o homem de 38 anos foi agredido, com joelho no pescoço, amarrado e jogado no porta-malas do camburão da corporação. Não satisfeitos, os agentes, que deveriam defender a vida, lançaram, dentro do carro, uma bomba de gás lacrimogêneo, que, mesmo considerada uma arma não letal, é altamente tóxica. Genivaldo foi morto dentro de uma “câmara de gás”.
 
Os cinco policiais rodoviários — Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas — justificaram a ação, que resultou na morte de Genivaldo, na última quarta-feira, como legítimo “uso diferenciado da força” por “desobediência e resistência” da vítima. Argumentaram que o homem não levantou a camisa para ser revistado, apesar de todas as imagens feitas por testemunhas mostrarem que ele, ao ser abordado, colocou as mãos na cabeça e foi vasculhado.
 
Esquizofrênico, Genivaldo levava no bolso os remédios dos quais fazia uso e a receita médica. Mesmo mostrando os remédios, foi ignorado pelos policiais, que o torturaram com requintes de crueldade para que todo o país pudesse ver. Um ato de violência inaceitável, que só reforça o despropósito com que os agentes da lei tratam negros e pobres em suas abordagens. Não há o menor respeito por essas pessoas, sempre vistas como bandidas. Genivaldo, infelizmente, foi só mais uma vítima do descaso e do preconceito que impregnam as forças policiais.
 
Está claro que os cinco agentes rodoviários federais cometeram homicídio qualificado e tortura. Apesar de se sentirem protegidos pelas fardas, não podem ficar impunes. Bons policiais, que fazem jus à profissão que escolheram, sabem o valor da dignidade humana e têm a exata noção do que diz a cartilha de segurança sobre o uso progressivo da força. Não é possível que a Justiça aceite o argumento de que esses que se dizem agentes da lei agiram dentro das regras. Eles sabiam que estavam cometendo um assassinato, tirando a vida de um pai de um menino de 7 anos, destruindo uma família.
 
Na tentativa de se livrarem do crime, os policiais mentem descaradamente. Faltam com a verdade quando dizem que agiram legitimamente, mentem que Genivaldo reagiu com violência à abordagem, mentem quando dizem que o homem teve um mal súbito. Todos os exames médicos apontam que a vítima teve a vida ceifada por elevada carga de gases tóxicos. As investigações abertas pela Polícia Federal devem escancarar o assassinato, que horrorizou o país e o mundo. Uma sociedade civilizada não pode mais aceitar esse tipo de violência como se fosse uma fatalidade, como fato normal. Não é. O caso, hediondo, merece punição exemplar, e que a família de Genivaldo seja amparada pela lei. É o mínimo que se espera.


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