(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas editorial

O atraso ao lado do lucro

Os ganhos conquistados pelo agronegócio estão longe de colaborar com a melhoria da qualidade de vida


12/02/2022 04:00

O agronegócio é um dos motores da economia nacional. No ano passado, quando o país registrou mais de 14 milhões de desempregados, criou 150 mil postos de trabalho no campo. Hoje, são cerca de 9 milhões de pessoas empregadas nas mais diferentes atividades do setor, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) chega a quase 30%. Enquanto os mais dife- rentes segmentos tiveram suas operações impactadas pela pandemia, a balança comercial do agronegócio nacional apresentou, em 2021, superávit de US$ 105,1 bilhões, resultado recorde das exportações, que somaram US$ 120,6 bilhões – crescimento de 19,7% em relação ao ano anterior.
 
Os números mantêm o agronegócio brasileiro entre os maiores produtores de alimentos do mundo, perdendo só para Estados Unidos e China. Mas o resultado alvissareiro se dá no país que abriga 116 milhões de pessoas (54,56% da população total) em situação de insegurança alimentar, ou 16,8% dos 680 milhões espa- lhados no mundo sem condições de acesso à quantidade de refeições recomendadas pelos nutricionistas. Mais: 19 milhões, no Brasil, passam fome, e outros 26,8% dos adultos sofrem de obesidade decorrente da má alimentação, baseada em produtos baratos, ultraprocessados ou com pouco valor nutritivo.
 
Há, portanto, um fosso entre o agronegócio e a sociedade brasileira. Os ganhos conquistados pelo setor estão longe de colaborar com a melhoria da qualidade de vida em um Brasil marcado pela desigualdade socioeconômica. A miséria é crescente. A opção dos empobrecidos por alimentos processados, por serem mais baratos, pode saciar a fome, mas acarreta graves danos à saúde. A obesidade por insegurança alimentar, ou má nutrição, é uma realidade preocupante. Faltam à mesa da população comida de verdade, livre de insumos e produtos químicos que afetam a saúde ou propiciam o desenvolvimento de doenças irreversíveis.
 
Na mesma quarta-feira, a bancada do agronegócio, ou rura- lista, festejou a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6.299/2002, que arregaça as porteiras para a entrada de agrotóxicos no país, ainda que tenham sido rejeitados pelas nações mais desenvolvidas, preocupadas com a saúde e a vida dos cidadãos. Até então, o uso des- ses produtos dependia de aprovação da Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros. Se o Senado chancelar o texto dos deputados, o Brasil será o quintal do lixo tóxico rejeitado pelos países desenvolvidos.
 
Os efeitos colaterais de uma produção de alimentos, por meio de um modelo ultrapassado de produção e que se coloca na contramão da tendência mundial, são ignorados pelos congressistas brasileiros. Embora o Brasil tenha tecnologias avançadas para o desenvolvimento da agropecuária, o setor é criticado pela elevada emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global, bem como pela expansão das áreas de produção por meio de desmatamento de florestas e reservas naturais. Rever técnicas e modelos é medida que se impõe para que a produção brasileira seja, efetivamente, sustentável e sem conflito com o patrimônio natural e se traduza em bem-estar aos consumidores.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)