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Estado de Minas artigo

BH irá voar alto


08/10/2021 04:00






Luiz Antônio Athayde Vasconcelos
CEO da Héstia Consultoria Econômica


O resultado do leilão de concessão do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade (PLU) terá direto impacto no salto qualitativo da economia de serviços da capital. Depois de 15 lances, o certame atingiu 245% de ágio sobre o valor da outorga inicial para não deixar dúvidas sobre o seu potencial econômico e do estratégico papel a ele reservado nos próximos 30 anos. Implementado no longínquo ano de 1933, em um pasto de relva, quando a aviação comercial taxiava no mundo, PLU ganha a sua carta de alforria para voar no século 21. O novo concessionário, a CCR Aeroportos, além de pagar uma outorga variável no período da concessão, terá que seguir as diretrizes do edital e prover investimentos em obras de, no mínimo, R$ 150 milhões. Destacam-se a construção de um novo terminal para a aviação executiva, adequado, inclusive, à operação internacional, e uma bacia de retenção das águas do Córrego Engenho Nogueira. Somente essa inversão tornará história do passado as tristes cenas de inundação da Praça Bagatelle e do atual terminal.

A batida do martelo na B3 trouxe à tona um trabalho incansável, por anos, de vários atores nos setores público, privado e mesmo da mídia em se buscar uma efetiva construção de consensos quanto ao real nicho de sua operação. O aeroporto, desde 2005, ficara subutilizado após a transferência das rotas troncais nacionais para o BH Airport, por sua vez, medida crucial a Minas em ver consolidado seu porto aéreo para o mundo. Era um desconforto ver PLU vivendo do saudosismo ou de sonhos que não mais se coadunavam com as suas reais limitações operacionais. O governo Zema foi tenaz em superar obstáculos e manter o foco, em sábia sintonia com o governo federal, na afirmação de sua nova vocação e em fincar as balizas que viabilizaram a sua migração para a iniciativa privada. Por outro lado, o desfecho exitoso do leilão fecha um ciclo de estudos e de planejamento conduzidos por governos anteriores que contaram, ao longo do tempo, com o apoio da Alemg e de várias entidades da sociedade civil na definição de princípios que melhor calibrassem uma atuação integrada entre CNF e o sítio ora concessionado. 

O que se vê agora é o nascimento daquela que será a plataforma de infraestrutura aérea mais eficiente de uma região metropolitana no Brasil, pronta para competir em todos os segmentos da aviação sem o fantasma de operações predatórias como vem ocorrendo em outros estados. Tudo indica que PLU virá a se consolidar em futuro próximo no melhor equipamento de aviação executiva do país voltada, inclusive, para o exterior, atividade que poderá se configurar como um instrumento pivotante na atração de empresas multinacionais que não mais desejam permanecer no eixo Rio-São Paulo.

Se elegível assim pensar, haverá um efeito virtuoso dessa migração no mercado imobiliário local, no trade do turismo de negócios e no universo das startups. Além da exploração de nichos estratégicos na aviação regional, PLU está vocacionado para também operar um dos três melhores complexos de manutenção para aeronaves de médio e pequeno portes da Região Sudeste e, a depender do mercado, abrir-se à exploração de atividades do e-commerce. É esperada a criação de 500 novos empregos diretos.

O mundo já experimenta uma revolução disruptiva na vida das pessoas, na economia, no conceito de bem-estar e na formatação do novo emprego por conta do embarque massivo de novas tecnologias, do hábitat da inteligência artificial e das mudanças na mobilidade de pessoas e bens. Tal fenômeno só tende a se acentuar. Nessas três décadas que se avizinham, novos serviços e a logística avançada serão extremamente mais sofisticados e PLU estará na vanguarda. O futuro não se enxerga pelo retrovisor. É pela lente do descortínio do que está por vir. BH está agora em melhores condições para voar mais alto.


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