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Estado de Minas editorial

As palavras e os números

Muita terra terá de ser movida até o fim do ano para limpar o caminho às projeções de crescimento econômico


02/06/2021 04:00

Que os economistas do governo ou da iniciativa privada erram em suas previsões, os brasileiros sabem e muito bem. Os políticos, então, quando se trata da economia, nem se fale. Com visão otimista sobre o comportamento do país, o presidente Jair Bolsonaro abriu a semana destacando a investidores de uma centena de países, em encontro virtual, que a COVID-19 não será capaz de comprometer a expansão de longo prazo do país. Faltou explicar como serão incluídos nessa perspectiva 14,8 milhões de desempregados e mais de 27 milhões de pobres, além de solucionada uma inflação que avança em vários setores.
 
Na visão do presidente, o Brasil está “preparado para oferecer oportunidades únicas a investidores de todo mundo por meio de suas potencialidades”. O discurso de Bolsonaro ganhou amparo com as surpreendentes taxas de crescimento de 1,2% da economia brasileira de janeiro a março, em relação ao último trimestre de 2020, e de 1% na comparação com os primeiros três meses de 2020. O resultado levou o PIB de volta ao patamar anterior à pandemia, em termos de volume, e representa um alento em momento de incerteza em relação aos rumos do país diante do desafio gigante de conter os danos causados pela pandemia. Mesmo que o ritmo tenha perdido força, com alta do PIB menor que as registradas nos dois trimestres anteriores, os números confirmam a continuidade da recuperação.  
 
É também clara a conexão com o movimento recente de revisões para melhor dos indicadores econômicos. Os analistas do mercado financeiro passaram a acomodar, agora, até 4,5% de expansão do PIB de 2021.
O próprio FMI revisou suas estimativas de aceleração da economia brasileira de 3,6% para 3,7%. Contudo, muita terra terá de ser movida até o fim do ano para limpar o caminho a essas projeções e impedir que elas se tornem a sorte dos brasileiros de maior renda. A OCDE prefere a cautela e, embora tenha mantido expectativa de crescimento do Brasil no mesmo nível do estimado pelo FMI para este ano, reviu para 5,8% a estimativa de expansão do PIB no mundo, assim como para 6,3% a taxa imaginada para as nações do G20; a 8,5% aquela de emergentes a exemplo da China, 7,6% para a Colômbia e 6,1% para a Argentina.
 
A instituição, da qual o Planalto tanto reivindica uma cadeira, não só vê um Brasil crescendo menos do que seus pares e o planeta, como alerta para o risco que representam para a recuperação do país as medidas descoordenadas no combate à doença respiratória. Onde apenas se vê a árvore não se enxerga a floresta.
 
A despeito das revisões para cima dos indicadores da economia que os analistas de bancos e corretoras adotaram, fica a pergunta, que alguns deles chegam a fazer. Se as dificuldades prevalecerem, como alta de preços, desvalorização do real, desemprego alto, e crise hídrica com perigo de apagão, podemos descartar que o Brasil esteja caminhando para um cenário de estagflação? Traduzindo-se o economês, a expressão que combina expansão modesta com inflação elevada, pode ser rememorada sem dificuldades.
 
Nos anos 70, o termo se consolidou como sinônimo do que à época ocorria em países como os Estados Unidos e o Reino Unido. Era resultado do 1º choque do petróleo, quando os países árabes produtores barraram as exportações do óleo como represália ao apoio norte-americano a Israel. No curso do fenômeno da estagflação, o consumidor paga mais caro, enquanto as empresas colocam freio na produção e isso afeta também o emprego.
 
O Brasil já enfrentou a experiência desfavorável no começo da década de 80, quando a dívida externa havia se tornado um problema, e em alguns períodos dos anos 2000. Outro ingrediente nesse caldeirão não falta hoje, a injeção de grande soma de dinheiro público na economia, neste momento, necessário para deter os efeitos da COVID-19, a exemplo do auxílio emergencial.
 
Os manuais de economia lembram mais uma questão que pode estar presente e com origem dentro do próprio governo, projeções equivocadas do comportamento da economia. O tempo dirá se elas têm sustentação, mas um grande inconveniente nisso é que os brasileiros não podem se dar ao luxo de perder nem sequer um minuto na luta contra o coronavírus e seus dramáticos efeitos na vida da Nação.


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