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Estado de Minas

É preciso avançar na igualdade salarial


30/05/2021 04:00

Cainara Guassu
Gerente jurídica e coordenadora do EmpowHer,
grupo que promove a liderança feminina na Philip Morris Brasil
 
Em seu livro “Uma terra prometida”, o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama relata que o primeiro projeto que sancionou, em seu nono dia no cargo, foi a Lei de Igualdade Salarial Lilly Ledbetter. O nome da lei se baseia na história da executiva que teve o pedido negado pela Suprema Corte quando buscou reparação judicial por ter recebido, ao longo da carreira, remuneração inferior à de seus pares homens que exerciam a mesma função. Obama admite que a lei não reverteria séculos de discriminação, mas representava um passo adiante nessa questão.
 
Essa história, que ocorreu no início de 2009, me veio à cabeça nesses dias em que debatemos, aqui no Brasil, a importância e o impacto de legislações que reforcem a necessidade da igualdade salarial por trabalho equivalente. Parece lógico que pessoas com a mesma formação, desempenho e função recebam o mesmo salário, independentemente de gênero. Mas, como sabemos, não é tão simples assim.
 
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há alguns meses, as mulheres recebem 77,7% do salário dos homens, em média. Nos cargos de maior remuneração, profissionais femininas recebem apenas 61,9% do que ganham os homens. Some-se a isso o fato de que pouquíssimos cargos gerenciais (34,7%) são ocupados por mulheres, num país em que o nível de escolaridade delas é maior do que o dos homens.
 
Como previa Obama, a lei americana não resolveu o problema. E isso também não vai ocorrer no Brasil do dia para a noite. Mas o debate em torno dessas iniciativas, por si só, joga luz sobre a questão e nos faz pensar sobre o tema de forma mais objetiva.
 
Afinal, é impossível achar natural a desigualdade salarial entre homens e mulheres na mesma época em que falamos sobre inteligência artificial, indústria 5.0, pesquisas em Marte e outros avanços quase impossíveis de ser acompanhados devido à quantidade. Também é estranha a necessidade de se criarem leis para que o direito à igualdade salarial, já constituído, seja efetivamente garantido.
 
Mas, apesar das dificuldades que ainda enfrentamos, é possível dizer que há um avanço a partir da iniciativa de empresas que buscam refletir e valorizar em seus quadros a rica diversidade existente na sociedade. Essas companhias enxergaram os benefícios dessa política, como o maior engajamento dos colaboradores e um ambiente mais propício à inovação. Certificações internacionais – como a da Equal Salary Foundation, que reconhece as empresas que remuneram homens e mulheres de forma igualitária – e movimentos como o Mulher 360, formado por executivas que disseminam boas práticas e reforçam a importância de maior participação feminina nos níveis gerenciais, contribuem fortemente para disseminar essa mensagem.
 
Por isso, está cada vez mais claro que justiça, respeito e promoção da diversidade são políticas que fortalecem as empresas e valorizam as pessoas. Trata-se de movimento sem volta. Se os desafios são grandes, as metas para igualar salários e a presença de mulheres em cargos de liderança têm que ser ambiciosas para avançarmos mais rapidamente e recuperar o tempo perdido.
 
A disparidade salarial, de condições e de reconhecimento entre homens e mulheres é um desperdício de talentos para as empresas e uma injustiça com as pessoas. Se quisermos discutir desenvolvimento econômico e social de maneira consistente, esse é um ponto fundamental. Alguns passos já foram dados. Mas precisamos avançar. 


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