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Biblioterapia garante ressocialização de presos


24/05/2021 04:00

Álamo Chaves
Presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região de Minas Gerais e Espírito Santo

A leitura é um dos mais completos de todos os exercícios intelectuais. Ao ler, diversas áreas do cérebro são estimuladas, criando imagens, sons e, até mesmo, a voz do narrador na mente do leitor. Através da leitura, é possível ter acesso a realidades, até então, inacessíveis, como os costumes da sociedade parisiense do século 19 ou as particularidades dos czares russos. Por meio desse poder que os livros têm de estimular emoções e sentimentos, profissionais da psicologia, aliados aos bibliotecários e educadores, desenvolveram a biblioterapia como tratamento psíquico.

Embora não seja amplamente aplicada como outros tratamentos psicológicos, a leitura terapêutica já apresentou respostas satisfatórias, corroborando com a tese de que ler, não só aguça a sensibilidade, como provoca a reflexão de problemas profundos e dilemas pessoais. Logo, o método passou a ser aplicado como um antídoto para traumas, questões emocionais e autoconhecimento.

Realizada de maneira interdisciplinar, a biblioterapia é conduzida por psicólogos, bibliotecários e educadores, responsáveis por indicações de leitura, condução de conversas sobre a obra e avaliação do resultado. O tratamento propõe estimular as emoções através da identificação do leitor com os personagens para apaziguar os sentimentos adversos, em forma de catarse.

No sistema prisional, os resultados do método são extraordinários na ressocialização dos detentos. Um dos exemplos mais admiráveis é o caso de Florindo, que em alguns meses, será o primeiro bibliotecário formado dentro de um presídio.

Quando chegou ao Centro de Progressão Penitenciária de Jardinópolis, no interior de São Paulo, Florindo se orgulhava em afirmar que nunca tinha lido um livro e que detestava a leitura. Entretanto, por ironia da vida, o colocaram para trabalhar na biblioteca, como bibliotecário.

No início, ele aprendeu a catalogar. Depois, começou a ler as obras e se interessou pelo curso de biblioteconomia. Hoje, Florindo mudou o discurso e se orgulha em dizer que os livros deram um sentido e uma perspectiva para sua vida.

Outro exemplo é o de Carlos, ex-detento de Jardinópolis e ex-coordenador do grupo do livro no local. Ao receber a notícia que seria posto em liberdade, ficou desconcertado. Tomado pelo pavor, não sabia como sua família e a própria sociedade lidariam com sua soltura. Tinha medo de não conseguir emprego pelo estigma de ex-presidiário. Contudo, foi através da biblioterapia, com a leitura do livro “Hermes, o motoboy”, de Fernando Vilela e Ilan Brenman, que Carlos encontrou alívio para seu tormento e descobriu qual função desempenharia depois de deixar a penitenciária.

Florindo e Carlos são apenas dois exemplos dos diversos resultados positivos que a leitura terapêutica tem na vida das pessoas. Os casos poderiam ser bem maiores, se as autoridades compreendessem a importância da biblioterapia e não rejeitassem projetos de leis e requerimentos, como o PL 4.186/2012 e o Req. 1.298/2019, que permitiriam ao Sistema Único de Saúde (SUS) lançar mão da leitura terapêutica para garantir aos brasileiros amplo acesso à literatura atrelada à saúde mental.


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