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Estado de Minas editorial

Cidades no limite

Na porta dos hospitais, pacientes e suas famílias são vítimas indefesas, sem ter a quem pedir socorro


24/03/2021 04:00



O Brasil atingiu mais uma triste marca de mortes em decorrência da COVID-19. Foram registrados ontem 3.251 óbitos em todo o país. Um número trágico no dia da estreia de Marcelo Queiroga como ministro da Saúde. Se ele já tinha consciência do enorme desafio ao assumir a pasta, não resta dúvida de que a missão de gerir a maior crise da saúde de todos os tempos será tarefa hercúlea. E isso num momento em que as expectativas são de piora.

Até há algumas semanas, a situação de Belo Horizonte, comparada com outras capitais, era menos alarmante, reflexo das medidas de isolamento tomadas ao longo de todo o ano passado e início deste, e também da posição firme do prefeito Alexandre Kalil. 

O que era motivo de algum alento, no entanto, virou passado. A capital dos mineiros – assim como todas as capitais do país, cidades grandes, médias e pequenas – virou um cenário para um filme de terror na porta dos hospitais, onde pacientes e suas famílias são as vítimas indefesas e sem ter a quem pedir socorro.

Como mostrou o Estado de Minas, os hospitais particulares e públicos de BH passaram de seu limite. Mais de 100% dos leitos para COVID-19 estavam ocupados na segunda-feira e ontem tiveram pequeno alívio, com reforço de 27 leitos na rede SUS.

Mas nada indica que a situação vá melhorar em curto prazo. Basta ver o que vem ocorrendo nas cidades do interior do estado, inclusive da região metropolitana, onde os leitos também se esgotaram e a única opção das famílias é trazer o doente para hospitais da capital.

Em entrevista ao EM, o infectologista Unaí Tupinambás fez um diagnóstico preciso da situação. Em algumas frases do médico, o resumo da gravidade do que estamos vivendo: “Belo Horizonte tem um risco real de entrar em colapso”; “Estamos no pior momento da pandemia”; “A gente não achava que ia chegar nessa situação”; “É um cenário de filme de terror. Não tem para onde correr”.

É compreensível que boa parte da população relute em aceitar as medidas de fechamento de segmentos do comércio não essencial. Um lojista, ao justificar ter desrespeitado as regras, disse que “preferia morrer de COVID a morrer de fome”. 

O desespero do comerciante tem de ser levado em conta, claro, e medidas precisam ser tomadas pelos governos, em todas as esferas – municipal, estadual e fede- ral –, para mitigar as perdas daqueles que não têm outros meios de garantir o seu sustento. 

Mas isso não pode se sobrepor às ações necessárias para conter a pandemia. E, entre elas, o isolamento é essencial, principalmente porque não temos ainda vacinas suficientes para imunizar a po- pulação. Se não for assim, Belo Horizonte corre sério risco, como outras capitais, de viver o que aconteceu em Manaus, com pacientes morrendo na porta de hospitais, sem atendimento e sem oxigênio.



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