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Por um Brasil moderno


08/02/2021 04:00 - atualizado 07/02/2021 19:14

Leônidas Oliveira
Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais

Há 100 anos, e de forma mais intensa nos anos de 1920 e 1921, São Paulo foi centro de um dos mais importantes movimentos culturais, intelectuais e ideológicos acerca do Brasil república e nação continental. Lá, um pequeno grupo de intelectuais se reunia nos idos da década de 1920 para questionar, discutir e pensar a então contemporânea modernidade brasileira ou, ainda, a necessidade de seu desenvolvimento em solo brasileiro. Nesse início do século 20, predominava na arte e na arquitetura brasileiras a influência francesa, alicerçada nas grandes obras de Haussmann em Paris, do neoclássico, como o Palácio de Grandjean de Montigny, em 1908, de Adolpho Morales. Em Minas, era a Praça da Liberdade o centro do ecletismo e do neoclássico, nesse traslado de ideários da arte e da arquitetura europeia até então. 

Originários da capital paulista, esses questionamentos foram fundamentais para a consolidação da Semana de Arte Moderna que aconteceria no ano de 1922. O movimento modernista propôs, para todo o país, um novo pensamento estético, cultural, artístico, revolucionário e de vanguarda. De forma paradoxal em relação ao movimento europeu, no Brasil ele estava voltado para si mesmo, na busca de sua essência cultural, histórica e social, tão múltipla, mas única em seus vários sotaques e diferentes formas de ser só um: brasileiro.

Nesse momento, a consciência da busca de nossa identidade nacional, nossa brasilidade, nosso posicionamento frente ao mundo e toda uma sociedade foram apresentados e colocados no ciclo dos debates nacionais. Eis aqui, então, a grande diferença do movimento moderno originado na Europa, onde imperava o racionalismo e o rompimento com o passado, como no exemplo da casa como máquina de morar. Segundo os modernistas da Bauhaus, a casa já não devia ser ornada e sim funcional. Se lá o patrimônio histórico, em inúmeros casos, foi retirado para a construção de novos edifícios, aqui, com essa busca pela identidade e o nacionalismo, o patrimônio histórico brasileiro começa a ser preservado, e com um olhar claro para o barroco mineiro e sua preservação, após a visita dos modernistas às cidades históricas mineiras, em 1924.

Foi em Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que os modernistas encontraram a materialização desse ideário mestiço. Aleijadinho foi a encarnação dessa mistura e a repassou à sua obra, como no Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas, Patrimônio Mundial pela Unesco, onde se vê nos passos e nos profetas os traços disformes, retorcidos e assimétricos. Eles trazem claramente a influência chinesa nos olhos, feições portuguesas na face e pés africanos, atados por grilhões. Mas foi no século passado e mais propriamente a partir da Semana de 1922 que a tônica da mestiçagem chegou aos debates nacionais. Esse fato parece ser o grande marco da arte brasileira do século 20.

No Brasil, o que guiava esse movimento era uma urgente necessidade de entender o passado importado e incorporá-lo ao que já estava aqui, oculto e integrado entre nós. Os intelectuais paulistas fizeram dessa necessidade uma bandeira e a hastearam para que o Brasil e o mundo conhecessem, ou melhor, tomassem consciência, da nossa característica enquanto nação, até então não percebida em toda sua amplitude: nossa brasilidade. 

A Semana de Arte de 22 surge com uma estética que vai influenciar as gerações futuras de artistas, além de ser determinante para a valorização dos aspectos nacionais; daí o fato de a própria modernidade mergulhar na busca dessas raízes da tradição e da estética. Esse movimento foi denominado de antropofagia, fundado em 1920, como, por exemplo, na pintura de Tarsila do Amaral e pelo poeta Oswald de Andrade. Ambos, junto com um grupo heterogêneo de romancistas, filósofos e linguistas. Curiosamente, eles buscavam também características das civilizações pré-colombianas das Américas, para entender ainda de forma mais profunda essa formação cultural genuinamente brasileira e seus reflexos no pensamento, na estética tendo como pano de fundo a brasilidade.


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