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Estado de Minas editorial

Negacionismo intolerável

O negacionismo difundido pelas redes sociais pode ser uma praga tão letal quanto o coronavírus no corpo humano


03/02/2021 04:00

O negacionismo como conceito ideológico foi popularizado pelo historiador Henry Rousso, hoje com 66 anos, nascido no Cairo e naturalizado francês. Estudioso da Segunda Guerra Mundial, ele denunciou vários intelectuais na segunda metade do século 20 que ganharam popularidade e adeptos difundindo o argumento de que o Holocausto – o extermínio de milhões de judeus em câmaras de gás pelos nazistas – foi uma farsa histórica bancada por interesses econômicos e políticos associados ao Estado de Israel e ao sionismo internacional. Esses intelectuais misturaram levianamente negacionismo com revisionismo histórico, este um trabalho sério que revê fatos por meios de exames críticos de fontes confiáveis.

Não foi coincidência a reação de Rousso dentro da França, porque é exatamente naquele país que o negacionismo fincou raízes, principalmente com o oportunismo da extrema-direita com figuras como Jean-Marie Le Pen e sua filha Marine Le Pen, que cobiçaram a presidência da República. Mesmo sendo uma falácia absurda para desmentir o Holocausto, fato é que o negacionismo se espalhou como praga e chega renovado aos dias de hoje pegando carona na mais grave crise sanitária da humanidade dos últimos 100 anos, e, de novo, como instrumento da extrema-direita.

A diferença é que agora os falsificadores do passado com discurso antissemita são falsificadores do presente, com absurdas teorias de conspiração sobre o novo coronavírus e manipulação de fatos históricos por meio de fake news. Foi assim na mais poderosa nação do mundo com Donald Trump, do qual o mundo felizmente se livrou agora. Antes fosse, entretanto, o negacionismo da pandemia e da vacina mera ignorância e baixeza intelectual e cultural dos seus patrocinadores. É muito pior, trata-se de má-fé e, portanto, deveria ser enquadrado judicialmente pelas autoridades.

Afinal, a pandemia, que apenas no Brasil já levou à morte mais de 220 mil pessoas, é gravíssimo problema de saúde pública. Em 1905, quando ocorreu no Rio de Janeiro a chamada “Revolta da vacina”, era, de certa forma, uma resistência discutível porque a medicina ainda engatinhava e também havia interesses políticos envolvidos, mas hoje não há nem sequer um argumento razoável que justifique a recusa de vacina diante de tão grande mortandade.

O negacionismo difundido pelas redes sociais pode ser uma praga tão letal quanto o coronavírus no corpo humano. Por isso, é preciso que as instituições democráticas no Brasil, principalmente o Judiciário, o Legislativo, o Ministério Público e os setores do Executivo que ainda não estiverem contaminados por essa política sórdida de menosprezar a pandemia, assumam o protagonismo, discutam e desenvolvam políticas públicas para considerar intolerável o negacionismo e buscar meios legais de puni-lo com rigor. Negacionismo não é liberdade de expressão, deve ser visto como crime contra a saúde pública e por violar o principal direito fundamental do ser humano: a vida.


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