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Estado de Minas

As saudosas normalistas

Atualmente, as professoras da rede pública estão desmotivadas e estressadas pela violência


27/09/2020 04:00

Gilson E. Fonseca
Consultor de empresas e sócio da Soluções
em Engenharia Geotécnica Ltda (Soegeo)



Ao se aproximar o dia de comemoração do professor, estou me antecipando com reflexões sobre o assunto. Há um clamor geral pela mudança urgente do ensino, sobretudo o fundamental. Sem educação adequada, a porta fica aberta para os desvios de conduta juvenil. Portanto, parece-me óbvio que alguma coisa tem que ser feita: "Vox populi, vox Dei". Mais importante que as discussões, é conhecer e atacar as causas. Mas o que aconteceu com nosso país para a situação ficar tão grave como está? Quem conheceu Minas Gerais, especialmente o interior, até a década de 1960, sabe que as famílias preparavam as moças para serem normalistas, e, é claro, também para se tornar esposas prendadas e dedicadas. Os rapazes candidatavam-se ao Banco do Brasil e os mais venturosos encaminhados para a capital em busca do desejado curso superior: ser "doutor". Habilitar-se a um cargo público era também um conselho constante, face à segurança que esses órgãos ofereciam.

 

A sociedade, vendo o trabalho incansável das saudosas normalistas, dava-lhes merecido reconhecimento e status social. Os profissionais liberais procuravam encontrar nessas moças o casamento perfeito para formar uma família, pois sabiam que seus futuros filhos teriam educação da melhor qualidade. A formação das mestras era completamente diferente de hoje. A visão humanística era tão valorizada quanto o conhecimento científico, e aí está a grande diferença de hoje: professoras apenas ensinam, e as mestras formam.

As normalistas, com ótimos conhecimentos em filosofia e religião, supriam a educação deficiente dos pais de seus alunos. Comumente, muitas delas davam aulas de reforço, de graça, em suas casas, para aqueles alunos que apresentavam risco de perder o ano escolar. Viam-se, também, demoradas conversas, em particular com aqueles que demonstravam desrespeito básico de convivência.

Testemunhei, pelos quatro anos de ensino primário, minha professora chegar 15 minutos antes da aula, espontaneamente, para conferir se um de seus alunos que morava na zona rural iria atravessar a linha do trem a cavalo em segurança. Atualmente, as professoras da rede pública estão desmotivadas e estressadas pela violência.

 Está na queda acentuada da educação, nas últimas décadas, a maior responsável pela criminalidade na adolescência. A falta de valores humanos consagrados é inaceitável. Toda criança, mal orientada e mal-amada, corre o risco de ser marginal mais tarde. Os meninos têm muita informação pela internet, mas quase sempre de qualidade duvidosa e nociva. Há muitas décadas, padecemos pelo entra e sai de governantes que prometem e não investem maciçamente em educação de qualidade. Que país é este onde no nosso Nordeste há escolas que estão tendo aulas em apenas dois dias na semana por falta de professores?! A falta acontece pelas condições mínimas, desmandos, corrupção, até na merenda escolar, e salário indigno das professoras. Até quando?! Ataulfo Alves passou para a poesia musical seu lamento: "Que saudade da professorinha! Eu era feliz e não sabia".


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