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Aborto: um debate necessário

Tratar o tema aborto exige amadurecimento da própria sociedade


02/09/2020 04:00 - atualizado 01/09/2020 20:03

Walber Gonçalves de Souza
Professor e escritor
  
Muitos temas que fazem parte do cotidiano e são de pertinência social ainda são vistos como tabus pela sociedade brasileira. O aborto, sem sombra de dúvidas, é um desses temas. Ainda preferimos o silêncio, mas, geralmente, quando ele é quebrado, acontece de forma rasa, como se fosse um convite para o retorno ao silêncio.
 
Enfim, o aborto é, indiscutivelmente, um tema polêmico. Todavia, nossa sociedade prefere não dar a ele a importância que merece. E, nos bastidores do silêncio, nascem os monstros que devemos encarar e de fato combater.
 
Enquanto sociedade, precisamos sair do comodismo de meras opiniões, muitas delas sem nenhum fundamento ético e humano, e estabelecer um pacto nacional pelo diálogo em torno de todas as questões que envolvem o aborto.
 
Necessitamos ter a coragem de encarar esse grande dilema da sociedade e colocá-lo em discussão, em diálogo, em confronto positivo de ideias e argumentações. Urgentemente, precisamos sair do comodismo, ou poderíamos chamar de uma falsa moralidade, e analisar o cerne da questão.
Mas, para isso, a sociedade tem que se envolver, criar grupos de diálogos onde médicas, psicólogas, agentes de saúde, agentes públicos, mulheres que sofreram e em muitos casos sofrem os mais diversos tipos de abusos, grupos religiosos, pais, mães, filhos, e todos que queiram ter voz sejam ouvidos.
 
Precisamos buscar exemplos em outros países, ver quais posicionamentos foram estabelecidos pela sociedade. Enxergar o que deu certo, melhorar o que pode ser melhorado e, dentro do possível, verificar o que podemos evitar.
 
O que não dá mais é virar as costas para o problema que a tratativa do tema vem causando. É preciso buscar opiniões distintas, mas que saibam se respeitar e, a partir delas, buscar uma solução que seja digna e humana para a questão em voga.
 
Sabemos que há muitos dilemas envolvidos no debate, principalmente paradigmas religiosos e culturais. Por isso ele tem que ser levado a sério. Mas não podemos e nem devemos transformar um tema tão complexo e profundo em uma situação puramente religiosa. Acredito que não seria salutar.
Tratar o tema do aborto exige amadurecimento da própria sociedade, exige o amadurecimento do próprio ser e, acima de tudo, o respeito pelo outro, seja quais forem seus argumentos, sendo eles favoráveis ou não.
 
O que não deveria ser aceitável é o abuso, a prática clandestina, o fingir que o problema não acontece e o deixar para lá, como se a questão não envolvesse toda a sociedade. Fechar os olhos não resolverá nossos conflitos e nem tampouco opiniões radicalizadas em um discurso que não consegue enxergar o outro, tendo um mínimo de empatia e, por que não dizer, também compaixão.
Muito mais do que legalizar ou não a sua prática, essa questão deveria vir de um debate nacional descente e maduro. Nada nos impede de ver o outro e seus problemas com mais sensibilidade e nunca deixar de pensar: e se fosse comigo, o que faria?. Pois falar é sempre mais fácil do que agir, principalmente quando o problema é do outro.
 
Criemos uma rede de diálogos, tenhamos a coragem de expor argumentos e, na mesma medida, a sensatez de ouvir o outro. Quem sabe a solução esteja aí.


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