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Estado de Minas editorial

Violência afeta vidas negras

A mudança passa pela educação, indispensável para quebrar estigmas e estereótipos


31/08/2020 04:00

Vidas negras não importam. É o que revela o Atlas da Violência 2020, elaborado pelo Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em dados de 2018, quando foram registrados 57.956 homicídios em todo o país – 7.646 a menos do que no ano anterior. Entre os negros, porém, o número de vítimas aumentou 11,5%. Desse total de mortos, 75,7% eram afrodescendentes.
 
Em contrapartida, o número de assassinatos diminuiu 12,9% entre os não negros. Para cada não negro (branco, índio, amarelo) morto, quase três (2,7) pretos ou pardos foram vítimas de homicídio. O dado significa que a taxa de mortalidade na população negra por violência chega a 37,8 em 100 mil indivíduos contra 13,9 entre os demais grupos étnicos. Entre 2017 e 2018, o número de homicídios de mulheres não negras caiu 12,3%. Essa redução foi de 7,2% no grupo de afrodescendentes.
 
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentaram maior crescimento de casos de homicídio. No ranking nacional, o Acre registrou aumento mais elevado: 300,5%, seguido de Roraima, com 264,1%. No Nordeste, o destaque ficou com o Ceará, com alta de 187,5%, e Rio Grande do Norte, com 175,2%.
 
Os técnicos do Ipea avaliam que a população negra é a mais vulnerável social e economicamente, o que a deixa exposta à violência. O quadro é agravado pelo racismo institucional, que estigmatiza as pessoas negras. Ou seja, há seletividade tácita, que coloca os negros como alvos preferenciais, sobretudo pelas forças de segurança pública.
 
Hoje, essa opção está escancarada por fatos recentes, em que policiais agridem e matam mulheres e homens negros. Mesmo que não sejam flagrados cometendo algum ilícito penal. A cor da pele os faz suspeitos ou indivíduos dispensáveis, pela lógica do racismo que permeia as estruturas públicas e privadas.
 
A construção de políticas de segurança pública é fundamental para reverter a matança que ocorre em todo o país e afeta, principalmente, a parcela de pretos e pardos – duplamente violentada. Implica rever a capacitação e o comportamento das forças de segurança pública, que agem de forma reprovável contra a população negra.
 
A mudança passa pela educação, indispensável para quebrar estigmas e estereótipos, que se traduzem em alto índice de mortalidade da população não branca. Hoje, os negros somam 56% da população brasileira e representam mais de 55% da força do trabalho, além de serem fibra de destaque do tecido demográfico. É impossível negar que vidas negras não importam.


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