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Um tem passo certo, outro salva judeus


31/08/2020 04:00

Fábio P. Doyle
Da Academia Mineira de Letras
Jornalista
 
A historinha, falsa ou verdadeira, é muito antiga. Eu a ouvi de minha avó materna, Hortência Horta Barbosa Rodrigues Pereira de Proença (naqueles velhos tempos da Queluz mineira, era importante ter nome bem comprido). Foi o caso de uma parada (desfile, hoje) militar, em que um dos desfilantes marchava com passos diferentes de seus colegas da Escola Militar.
 
Pais, mães, parentes dos jovens cadetes assistiam à parada. Ao ouvir o comentário de outra mãe a respeito do "passo errado" de seu filho, a mãe coruja do rapaz exclamou irritada: "Ele é o único que está com o passo certo".
 
Não sou nem pai, nem mãe, nem amigo coruja do ministro Marco Aurélio de Mello, do STF. Mas acredito que ele tem marchado com passo correto e único em vários julgamentos da corte maior. Não se importando com o registro, em ata e na imprensa, do "voto vencido". Certo de que seria o único certo.
 
Eu me refiro ao único voto contrário ao pedido protocolado no Supremo por um partido político. O que foi pedido, a meu ver, e no de muitos outros mais bem informados, configuraria a interferência de um poder, o Judiciário, na área de outro, o Executivo. Ou seja, o STF proibindo o governo federal, através do serviço de inteligência do Ministério da Justiça, de investigar o comportamento de servidores públicos sob suspeita. Oito dos nove ministros votantes decidiram pela proibição. Apenas um, o último a votar, o ministro Marco Aurélio de Mello, divergiu da relatora, a mineira Cármen Lúcia, e dos seus pares que a acompanharam. Deu um voto longo, minucioso, uma análise completa e lúcida dos aspectos jurídicos e constitucionais do tema. Concluiu pelo descabimento da ação proposta pelo grupo partidário e pela condenação do que chamou de "invasão de um poder sobre outro".
 
É o caso de indagar: quem irá proibir o Supremo de determinar, como tem feito, investigação e punição de pessoas e entidades que atacam e criticam atos considerados arbitrários praticados por seus integrantes?.
 
Marco Aurélio deve se aposentar em breve. Ele é brilhante, estudioso dos temas em votação. Lógico que pode acertar e errar em suas conclusões. Mas, certamente, fará falta com seu sorriso irônico e suas divergências corajosas e famosas.

Schindler's List

A história da humanidade tem momentos de grandeza moral e espiritual, contrastando com outros, a maioria, onde a maldade, o ódio, a impiedade prevalecem. O certo é que os de grandeza deveriam ser mais conhecidos, ensinados nas escolas, abordados sempre, positivamente, pelos que escrevem para o grande público.
 
Para mencionar apenas um como exemplo, por ter lido algo a respeito na semana passada, cito o que foi protogonizado pelo até então pouco conhecido Sr. Oskar Schindler, ex-militar tcheco que aderiu ao movimento do nacional socialismo – nazismo – na Alemanha. Demonstrando ser dotado de sensibilidade diante de atos de violência, base de atuação e de sustentação do hitlerismo germânico, Schindler se condoeu diante da perseguição movida pelos nazistas, através da Gestapo, contra os judeus. Comerciante de sucesso, faturando razoavelmente, bolou uma forma hábil de enganar a polícia alemã e de salvar da morte, das câmaras de gás, muitos judeus e suas famílias, fazendo a Gestapo acreditar que os levaria para trabalhar como escravos, com salários insignificantes, em sua indústria. Ai surgiu a famosa "Lista Schindler".
 
Schindler foi um herói da humanidade. Salvou, com sua lista e seu dinheiro, comprando nazistas da Gestapo, 1.200 judeus que seriam mortos em Auschwitz. Morou, depois do fim da 2ª Grande Guerra, na Argentina. Voltou e morreu pobre na Alemanha. É uma história emocionante que poucos conhecem.
 
Final de vida injusto para quem fez tanto bem em vida. Aos que possam questionar a suposta escravidão: o que seria melhor, ser escravo ou exterminado nas câmaras de gás?. E é sabido que os escravos não o eram na realidade. Tanto que foi mínima a produção da fábrica em que foram abrigados por Schindler, obrigando o tcheco a ter que se explicar às autoridades alemãs e a falsificar os relatórios de produção. E finda a guerra, findo o nazismo, Schindler abriu as portas da fábrica para que os judeus que ele salvou saíssem rapidamente.
 
Ele nasceu em 28/4/1908, em Svitavy, atual República Tcheca, morreu em 9/10/1974, aos 66 anos, em Hildesheim, Saxônia, Alemanha. Era católico, foi nazista. Sua fábrica ficava em Cracóvia, Polônia.
Emilie Schindler, sua esposa, participou da salvação dos 800 judeus e 400 judias operários da fábrica. Os Schindler sugeriram que eles dormissem lá mesmo para escapar da perseguição nazista. Oskar Schindler recebeu o título de "Justo entre as nações" do Memorial Yad Vashem, de Israel, anel com a inscrição em hebraico "Quem salva uma vida salva o mundo inteiro", a "Ordem do Mérito" da Alemanha, em 1966. Está enterrado no Monte Sião, em Jerusalém. Em seu túmulo, está gravada a frase "Salvador inesquecível de 1.200 judeus perseguidos".
 
Se você, leitor eventual, quiser se emocionar mais com a história, ouça a música Schindler's list, que me foi passada por meu amigo Christiano Barsante, que a recebeu de outro amigo, o desembargador Eduardo Andrade, dois ilustres moradores do Morro do Chapéu. Uma belíssima composição clássica de John Williams, com orquestra. Até os músicos choram. 


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