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Saúde e pesquisa, áreas estratégicas

Não é alarde sensacionalista, mas é certo, e a comunidade científica sabe, que em breve teremos outra pandemia. Quando? Não sabemos


31/08/2020 04:00

Benisio Ferreira da Silva Filho
Biomédico, doutor em biotecnologia e coordenador do curso de 
biomedicina do Centro Universitário Internacional Uninter

Alessandro Castanha
Biólogo, especialista em microbiologia clínica e professor do 
Centro Universitário Internacional Uninter
 
 pandemia da COVID-19 evidenciou alguns fatos importantes em nosso país, como o baixo investimento em saúde e ciência. Atualmente, a renda per capita em saúde anual é de apenas R$ 555, o que mostra uma queda do montante aplicado em outros anos. Isso tem resultado catastrófico, pois, como apresenta o próprio governo, é um prejuízo de mais de R$ 400 milhões ao longo de 20 anos de congelamento. Tal situação tem se mostrado na quantidade de mortes causadas pelo novo coronavírus, números que passam de 100 mil desde março deste ano.
 
Não é alarde sensacionalista, mas é certo, e a comunidade científica sabe, que em breve teremos outra pandemia. Quando? Não sabemos. Sabemos apenas que existem outros patógenos (vírus, bactérias e fungos) que podem começar a infectar humanos. Quando isso ocorrerá? Não sabemos.
Sendo essa uma verdade, nosso país deve enxergar o setor de saúde e ciência como parte estratégica para o desenvolvimento, e a partir de hoje fazer parte dos planos de defesa do país. O coronavírus (Sars-CoV-2), além das mortes que causou, provocou um abalo econômico no mundo. Os países independentes cientificamente são os que menos sofreram com o impacto. Países como o Brasil, que dependem de outros para ter equipamentos, reagentes laboratoriais e material para proteção dos profissionais, teve seu problema potencializado pela inexistência de recursos próprios, mesmo com excelentes profissionais em todas as áreas.
 
Torna-se óbvio que os recursos empregados na área são insuficientes perante os processos pandêmicos, que valores como os que são fornecidos por pessoa são irrisórios de acordo com a necessidade. É um grave problema de saúde pública, pois deixa-se de pensar em prevenção e passa-se a pensar em remediação do problema. A medicina preventiva sempre foi e sempre será a medida mais econômica para os sistemas de saúde, pois é fato comprovado pela própria história que temos a capacidade de erradicar doenças do nosso meio, reduzir comorbidades e gerar prognósticos melhores para a saúde da população.
 
Da mesma forma que temos a saúde desprovida de recursos, não podemos deixar de analisar a ciência, tecnologia e inovação em nosso país. Esses setores, tanto quanto a área de saúde, vêm, ano após ano, sofrendo com a decadência de investimento. Atualmente, no Brasil, a aplicação de recursos gira em torno de 1,8% do PIB, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), enquanto países como EUA, Inglaterra e Alemanha investem 4%, 11% e 12%, respectivamente, em ciência e tecnologia.
 
Temos conhecimento e mão de obra especializada para produzir todos os equipamentos necessários. Também temos conhecimento para produzir reagentes, insumos laboratoriais, vacinas e fármacos. No entanto, sofremos com o não conhecimento dos números reais de pessoas infectadas. Só contabilizamos, infelizmente, os mortos e não fizemos desde o início a testagem da população do jeito que deveria ser porque não tínhamos testes suficientes. Ficamos em pânico com a ideia da superlotação dos hospitais, pois não há equipamentos para tantas pessoas, e tivemos de comprá-los de outros países. Máscaras? Importamos milhares.
 
De fato, a falta de incentivo, fomento e políticas eficientes para as áreas de saúde, pesquisa e desenvolvimento acaba limitando muito o desenvolvimento tecnológico e inovações na linha de frente do combate a pandemias. A capacidade das instituições de pesquisa em superar as dificuldades de investimento ficou evidenciada na atual situação. Foram inúmeros esforços na produção de respiradores de baixo custo para suprir a necessidade das UTIs para melhorar a sobrevida de pacientes com a COVID-19.
 
O fato de empregarmos parcos recursos é preocupante, pois enquanto países como EUA aplicam US$ 6 bilhões na ampliação do desenvolvimento de pesquisa em saúde e desponta na frente da descoberta de medicamentos e vacinas, nós, brasileiros, não participamos diretamente como desenvolvedores ou parceiros em esforço conjunto internacional para tal, e, assim, ficamos cada vez mais para trás, o que nos coloca numa posição final quando esses recursos tornarem-se disponíveis.
Sabendo que iremos enfrentar isso no futuro, acreditamos que a área de saúde, ciência e tecnologia deve, a partir deste ano, fazer parte do programa de defesa do país. Caso contrário, estaremos de joelhos na próxima grande pandemia. Se continuarmos com os poucos recursos investidos em saúde, ciência, pesquisa e desenvolvimento, sempre  enfrentaremos os mesmos problemas. Será que 2020 não é suficiente para mostrar que isso deve mudar? 
 
 


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