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A vida e as suas leis

Rever o que se fez ou deixou de fazer de positivo é uma necessidade instintiva


20/07/2020 04:00

Gilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em
engenharia geotécnica Ltda (Soegeo)


Uma pandemia como esta que estamos vivenciando traz muitos estragos nas relações sociais, problemas psicológicos, quedas financeiras generalizadas e surgem problemas outros que vão permanecer por décadas. Entretanto, nem tudo é perda, muitos ganhos podem aparecer, e parece-me que o primeiro deles é o fortalecimento da alma. O humanista francês Alexis Carrel, no seu famoso livro O homem perante a vida, explica de forma extraordinária que, basicamente, nossa existência é regida por três leis (ou instintos): conservação, propagação e crescimento espiritual; esta última chamada de ascese. A conservação é a mais notada no dia a dia, basta lembrar-se de que ao passarmos sob alguma coisa que ameaça cair sobre a gente, "instintivamente" colocamos as mãos sobre a cabeça, independentemente do tamanho do objeto que poderá atingir-nos. Numa doença, também, as pessoas tornam-se lutadoras e valentes, fazendo de tudo para preservar suas vidas por mínimas que sejam as suas chances.

A segunda lei esconde algumas sutilezas talvez pouco notadas. Muitas pessoas não se dão conta da motivação que as levaram a trocar a "tranquilidade" de solteiras para assumirem as responsabilidades de um casamento e riscos como ter filhos doentes, deficientes ou mesmo enfrentar um luto a que todos estamos sujeitos. O instinto de propagar a vida é tão forte que esses riscos reais se tornam menores diante do desconforto de ficar só. Algumas pessoas impedidas de ter filhos por problema de esterilidade, seja dela própria ou do parceiro, costumam ter dificuldades emocionais, exatamente porque não foi possível exercitar seu instinto de gerar filhos e "cuidar da cria".

A terceira lei, entretanto, que nos diferencia dos animais, parece realmente a mais silenciosa e escondida, fazendo-se notar especialmente na "meia idade". A maioria nutre o desejo de ser bom e esse clamor fica evidente na idade madura. Nessa fase, com a noção maior de que a morte se aproxima e o tempo para transformar-se vai se tornando escasso, ficamos inquietos. Rousseau dizia que "o homem nasce bom, a sociedade é quem o corrompe". Modificados pelo meio e com o desejo de equilibrar as perdas biológicas, o tempo se encarrega de mudar gradualmente nossa visão, pensamentos e comportamento em direção à ascese, única forma de competir com os jovens. "Quando jovens, somos incendiários; mais velhos, tornamo-nos bombeiros", lembra a sabedoria popular. Nesse processo, muitos passam por experiências dolorosas e entram em depressão ao fazerem um balanço de suas vidas. Rever o que se fez ou deixou de fazer de positivo é uma necessidade instintiva e, ao sentir que há crescimento espiritual, pode ser até mais prazeroso do que tudo o que a juventude proporciona, já que também não há graça na beleza física e dinheiro sem sabedoria. Maturidade, então, é saber equilibrar as limitações físicas, vencendo crises existenciais, porque elas doem, mas, necessariamente, não destroem. Ao abandonar valores sem bases espirituais sólidas, por outros genuínos e verdadeiros, pode-se exercitar a terceira lei da vida e ascender à espiritualidade.


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