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Estado de Minas EDITORIAL

Esopo e a comunicação

Espera-se que Fábio Faria, considerado hábil negociador, atue para ampliar as pontes entre os poderes


postado em 18/06/2020 04:00 / atualizado em 17/06/2020 20:39

Esopo, autor de fábulas imortais como A raposa e as uvas, foi escravizado por Roma. Tornou-se mordomo de uma família importante. Um dia, recebeu a incumbência de preparar um jantar digno dos convidados: o imperador, governadores de província e generais do exército. Com a ordem, veio a autorização de escolher os melhores ingredientes, sem preocupação com gastos.

O cardápio surpreendeu. Entrada, prato principal e sobremesa tinham um único ingrediente – língua. Contrariado, o senhor repreendeu o servo. Esopo disse que havia cumprido a ordem. Escolhera o melhor. É com a língua que educamos os filhos, obtemos conhecimento, conversamos com Deus.

Não convencido, o dono da casa pediu uma refeição com o que houvesse de pior. Esopo repetiu o menu. Questionado, explicou: o que há de pior que a língua? É com a língua que caluniamos, envenenamos relações, desfazemos famílias, condenamos à morte.

A história ilustra, talvez, o maior desafio do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que tomou posse ontem. Ao lado do leilão do 5G e da privatização dos Correios, da Telebrás e da EBC, sobressai a comunicação do governo. A Secom deixa o guarda-chuva do Palácio do Planalto e passa para a pasta recém-recriada.

Trata-se de área sensível, cuja condução exige habilidade e profissionalismo. Uma palavra inadequada pode gerar crises evitáveis e pôr em xeque projetos necessários para o país. Sobretudo na era das mídias sociais, "improvisações" de estadistas têm de ser cuidadosamente elaboradas.

A fala só pertence ao emissor enquanto não for enunciada. Uma vez proferida, o controle se perde. Cada pessoa interpreta a mensagem como quiser ou puder. São as narrativas, versões construídas segundo percepções ou inte- resses. Winston Churchill costumava dizer que estava pronto para discursar três horas, mas, para falar um minuto, precisava de dias de preparação.

Espera-se que Fábio Faria, considerado hábil negociador, atue para ampliar as pontes entre os poderes e profissio- nalize a comunicação governamental. O porta-voz da Presidência da República deve exercer o crucial papel de fornecer informação aos meios de comunicação. Tevês, jornais, rádios e internet, como frisou o ministro, são símbolo da liberdade de expressão.

Municiá-los de dados é estabelecer diálogo entre o go- verno e a opinião pública. Sem amadorismos, a equipe se encarrega da comunicação, cujo grande desafio é ... a comunicação. Com profissionalismo. A palavra, como ensina Esopo, constrói ou destrói mundos. Depende da escolha.


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